quinta-feira, 29 de julho de 2010
Do desconhecido
Sou o sótão da casa. Escuro, inacessível, entulhado de passado - já reparou que sempre ocupamos o sótão com passado? A forma de vida em mim é rastejante (sou quase inóspita...), e talvez você reclame que, do seu quarto, escute os passos pesados dos monstros que me habitam. E, com certo escárnio, posso explicar: liguei auto-falantes capazes de aumentar o menor ruído em um grito dilacerante. Portanto, enquanto minhas formigas passeiam pelo assoalho, você se contorce de medo, prometendo jamais vir aqui. E é assim que me protejo, criando para você uma imagem terrivelmente distorcida da minha pacata e tediosa existência, te dando medo, muito medo, quando sou apenas... silêncio.
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Um comentário:
vou decorar esse texto.
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