quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Enquanto eu continuava minha incessável caminhada,
rumo ao grande vazio,
te encontrei. E ali foi uma intromissão no meu percurso.
E aprendi a continuar o caminho:
você me ensinou a calçar as botas de neve,
a máquina fotográfica e o biquíni.
Pra tudo que pudesse vir no resto do caminho.
Meu chazinho de erva-cidreira.
E fim.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Grama.

Sentei-me na grama,
Abri o tal livro de ilustrações imaginárias,
E fiquei ali:
Horas, dias, momentos.
As formigas a passeio passaram por mim.
Algumas não gostaram de minha imaginária intromissão.
Picaram-me a perna.
Olhei-as e acreditei que eram ilustrações imaginativas, como todo o resto;
Fiz-lhe um carinho e voltei para o meu livro cor de laranja.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O ciclo vicioso da paixão de Gabi

Gabi tentou esquecer o menino homem.
Gabi tentou fazê-lo se afastar de seus pensamentos.
Gabi tentou matar suas lembranças.
Gabi tentou não conectá-lo com todas as músicas românticas.
Gabi tentou não escrever mais nenhuma poesia.
Gabi tentou não pensar no rapaz dos olhos castanhos.

Aqueles olhos que a tinham hipnotizado.
Aqueles olhos que guardavam um mistério que a apaixonava.
Aqueles olhos que ela desejava próximos como estiveram um dia.
Aqueles olhos tão lindos.
Aqueles olhos tão comuns, mas tão únicos.
Aqueles olhos que não a olhavam mais.

Mas ele estava ali.
Ele fazia questão de não se ausentar.
Ele fazia questão de aparecer nos momentos mais oportunos,
e fazia questão de abraçá-la apertado,
de beijar suas bochechas e depois ir embora.
Vitorioso, ganhou mais ainda o coração de Gabi.

E de noite, ela escrevia mais poesias e ouvia mais músicas românticas.
E ele voltava para os seus sonhos.
E ela escrevia mais poesias sobre seus sonhos.
E ele a abraçava de novo.
O ciclo vicioso da paixão de Gabi.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

It's gonna be just fine.

E foi ali que ela percebeu que o tempo realmente curar tudo.
Como até ontem estava sofrendo tanto por causa dele,
e agora aceita -simplismente aceita- que ele não tenha sido muito mais.
É claro que não é tão simples assim.
Ela admite que ele ainda mexe com ela.
Mas não foi muito mais...
Azar dele!
É passado. Passado a gente deixar pra trás.

sábado, 10 de novembro de 2007

Mas não tem nada, não!

É assim que as coisas são, mesmo.
Umas pessoas vêm e vão.
Outras vêm, mas pra ficar.

Tem aquelas que são feito um furacão:
Aparecem, fazem um auê da nossa vida.
E vão embora, deixando a gente
No chão. Ou nas nuvens?

Tem outras que vêm,
Nos conquistam (de qualquer forma)
E se mantêm, continuam conosco por muito,
muito tempo.

Tem aquelas pessoas que se fazem especiais
Aparecem do nada.
Ganham a gente.
Nos tem na mão.
Nos tem inteiros.
E nos abusam.
Viram pessoas especiais,
E aí escolhem se vão ou se ficam.
E aí escolhem o que vão fazer com a gente.

Tem aquelas pessoas que são assim,
sem identificação, sem explicação.
Simplesmente são.
São as pessoas indefiníveis.
São as pessoas que,
apesar de toda injúria,
nos fazem acreditar que com elas é pra sempre.


E no fim escrevem com a gente as nossas histórias.
Ajudam a contar agora as histórias que vamos reviver pros nossos filhos
Ajudam a viver as histórias que contaremos a eles.

sábado, 3 de novembro de 2007

Amigos

E fingir? Sabes fingir?
Pois eu sei que sabe. Já te vi fingindo!
Vives fingindo.
Pois se sabe atuar com todos, por quê não comigo? Finja comigo, eu fingirei também! Nos esconderemos sob nossas capas, nossas máscaras, e fingiremos juntos.
Podemos continuar perto um do outro, pode voltar a ser o que era. Não derramarei mais nenhuma lágrima, não terá nunca mais que virar o olhar. Seremos quem costumávamos ser, seremos quem pretendíamos ser, seremos nada e tudo ao mesmo tempo. Só finja, meu bem, que nada aconteceu entre nós dois. Afinal, nada aconteceu! Certo?
Vamos esquecer aquela noite, esqueceremos juntos. Só não me deixe aqui, que sozinha não esqueço. E sozinho não vai estar, mas se estiver comigo o tempo vai passar masi rápido. E não vou te remoer, e não vai achar que te estou remoendo.
Senta do meu lado, vamos conversar como conversávamos antes. Não vou ficar triste se é isso que tem que acontecer. Vou ficar melhor do que sou agora. Eu vou ficar bem, meu bem. Esquece comigo, atua comigo. Nada aconteceu, meu bem. Não se preocupa com nada. Vamos fingir, meu bem. Não te preocupa, não tenha vergonha de mim, vivemos aquilo juntos, vamos esquecer juntos. Vamos fechar os olhos praquela noite. Mas não me deixa sozinha, que sozinha meus olhos abrem mais. Eles se negam e fechar, se me deixar aqui.
Podemos ser amigos. Só amigos? É bem mais do que é atualmente. Podemos correr juntos, conversar, podemos continuar vivendo. Vamos esquecer, meu bem. Vamos ser tudo isso. Vamos ser só tudo isso: Amigos.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Sobre o arrependimento

Ela deitou na cama, abraçou o travesseiro e chorou.
Chorou, chorou, chorou.
Chorou por horas a fio.
Se perguntava por quê tinha deixado que aquilo acontecesse,
E se tivesse feito diferente?
E se tivesse sido outra pessoa?
E se tivesse agido diferente?

Agora as conseqüências caíam sobre ela,
todas as conseqüências que ela não podia aguentar.
Ela queria não saber que poderia ter escolhido outro caminho.

Ela queria que o mundo fosse inteiro feito de uma só escolha. Ou melhor, de escolha nenhuma. Tudo seria do jeito que tinha que ser, sem que pudéssemos escolher. Tudo seria do jeito certo sem que interagíssemos com isso. Só por não ter o peso de saber que podia ter feito outra escolha.