sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Pronto:

é exatamente aqui. Que termina a água e principia a terra. Precipício doce de realidade. É exatamente aqui, precisamente agora. Estou prestes a dar este passo vazio adentro. Nada é igual, tudo está: promessas, uma dívida nunca paga, a dúvida tua entre ir ou não. Tudo está neste encontro entre esta água e esta terra. Nos meus pés a lama pressaga: que se derreta o agora, que se dissolva a mágoa antiga, que se esparrame o corpo n'outro corpo além. Eis-nos: você, eu, a praia doce onde nos conhecemos, a lua de sangue; estão todas as peças em seus lugares. Mas o passo é meu, me desculpe. Tempestade de vento, adeus. O acorde silente, adeus. A palavra non grata, adeus. Tudo seguirá como era antes. Adeus. Do lado de dentro, revolução armada. Me retiro da guerra, serei teu olhar vazio, o front partido, a estrela de longe, ninguém vai perceber. Aquela música que tocou: acabada e enterrada, tua voz minha voz. Silêncios... é aqui que acaba a água e principia a terra.