segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Toma-me, amor. Diante das coisas do corpo, toma-me. se Baco viesse e derramasse sobre nós as dúvidas da eternidade, se Afrodite trouxesse dentro da maçã as respostas, que segredos você me contaria no mais profundo da noite? - Me escolhe, carinho. Eu suplico à rua, a ti, aos teus pais: me escolhe, mesmo se o sangue puder derramar além do limite. Escolhe o meu corpo, eu escolhi o teu lá atrás, antes de entender as tais coisas do corpo, antes do meu entender o que significa pele, suor e amor. Me escolhe, meu coração, e descobre em mim as deliquescências e as delicadezas do amor; perdão e perdoar; ação e reação. Estuda o mundo do meu lado. Que eu só quero se for do seu. Me toma, me leva, me encanta, me cala as palavras fora de hora.
Me escolhe pelo amor dos deuses!

(14.10.2013)
Parece que nada apazigua esta angústia. Angústia é uma palavra batida. Foda-se. É um arrepio pelo lado de dentro, que devia terminar na lágrima mas não termina. E nada, nada faz calar o soluço - talvez só o próprio juízo final ou o fino roçar das asas de um anjo. mas eu já não acredito em anjos. Um silêncio que durasse toda a eternidade. Violência. O que acontece no mais brutal dos silêncios? Solidão é a resposta para? Não importa, não sobrou muito mais do lado de dentro. Pequenas desesperanças, nada lúdico. Pelo menos já é sentir alguma coisa? As palavras tinham fugido antes e tudo parecia em tons pastéis.

Agora pelo menos sangra.