segunda-feira, 12 de julho de 2010

Autoflagelo suplicante

É porque eu às vezes sou má. Eu desejo te fazer sofrer, te espetar, te deixar perdido, sem saber o que foi que você fez. Às vezes eu queria te ver chorar, se afogar dentro de uma dor sua, só sua. Mas eu sou incompetente: não o atinjo, nunca ajo, apenas desejo. Eu sei que eu sou um monstro, e já não consigo me perdoar. Eu não posso me perdoar porque se eu só me machucasse, me traísse, mas não relasse um dedo no seu espaço, se eu fosse capaz de apenas desejar o bem aos outros, sempre, apesar de me matar aos poucos, eu mereceria compaixão. Mas eu sou má. Eu sou má e quero jogar nos outros a minha dor. E ainda tenho coragem de implorar pelo perdão alheio, apesar de saber que eu não mereço. Eu tenho coragem de advogar uma causa própria suja, roubando por saber que os que me perdoam por existir o fazem apenas porque não sabem o que eu sou.

Um comentário:

disse...

Eu tenho coragem de advogar uma causa própria suja, roubando por saber que os que me perdoam por existir o fazem apenas porque não sabem o que eu sou!

Perfeito!
Estou te seguindo!