quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

(...)

Foi muito bonito. Talvez eu nunca me esqueça, o momento silencioso em que a minha mão, como por acaso, encontrou na tua. Foi como um choque. Triste é quando o cupim perde as asas e fica vagando pela vida, como quem já perdeu a viagem. Mas você nem sempre me disse 'eu também' com o meu brilho nos olhos, eu talvez jamais me esqueça do pé na porta e do momento de silêncio que existe depois do fim. Foi como um choque. Talvez quando o cupim perde a asa, talvez ele também perca um pedaço da alma e mais nada faça sentido.

sábado, 18 de dezembro de 2010

... agora ouve do mundo as verdades que você insiste em negar! Como se você pudesse enganar alguém com esses teus olhos ilícitos de corsa acuada, como se ninguém percebesse de onde você tira inspiração para a tristeza, para a beleza, para o poeminha na borda do caderno! Agora ouve, garota, ouve que você falhou... Ouve isso dito com todas as palavras, engole isso, vamos, garota! Aceita, assume. Teus olhos não enganam, teus olhos não me enganam, nem aos outros, nem a ninguém...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

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Dizem que, ao chegarmos no fim do topo do mundo, revemos nossa vida em flashes saudosistas com ou sem lágrima no olho, para depois nos lançarmos ao infinito... esperando que cogumelos nasçam no silêncio da esperança.Dizem que antes da chuva, o que se sente é uma grande paz... Dizem que quando uma estrela morre, tudo o que se pode ver é um grande silêncio (o mesmo ocorre na morte de uma grande amizade: ainda enxergo o som das lembranças, mas o volume aos poucos diminui). Quero voltar. Dizem que, enfrentando o futuro, sentimos uma coragem extra-humana para abrir a porta e seguir.  Não quero deixar coisas por resolver guardadas no meu passado. Dizem que a memória apaga o que não valeu a pena. Não quero te esquecer. Dizem que todo fim é um novo começo. Me disseram que eu fui precipitada. Algo me diz que estou fazendo as escolhas erradas. Dizem que quando faltam alternativas, o melhor é apenas continuar. Quero voltar. Quero pedir desculpas, mas não posso me humilhar: eu estou magoada. Eu quero ver o nascimento de um cogumelo... Eu quero as alegorias, quero me jogar ao infinito. Mas larguei um infinito para depois e agora sinto tanta saudade. Dizem que tudo passa, mas não sei se quero que passe.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Da chuva

Chove.
Aqui dentro em minh'alma garoa
de uma garoa fina e fria
triste como o fim do dia.
Nos meus olhos tempestua
como quando a natureza assola
sem piedade
a terra frágil, prestes a desabar.
No meu corpo, ainda não.
Sente-se o presságio da chuva:
o cheiro breve que antecede
a queda do mundo.

Mas eu sei que hoje
será apenas mais uma chuva de verão
daquelas que acontecem
para abrir caminho ao retorno do sol...