segunda-feira, 31 de março de 2008

A menina e seu jardim

A menininha morava em sua casinha no fim da rua, e no fundo de sua casinha havia um jardinzinho.
O jardinzinho da menininha era todo colorido, e sua pequenina dona o amava mais do que qualquer outra coisa na sua vida.
A graminha do jardinzinho era toda verdinha, e em todos os canteiros havia florzinhas de todas as cores bonitas do mundo.
O vestidinho da menininha combinava completamente com seu jardinzinho, cheio de flores estampadas, flores brotando em todos os bolsos, e meiões de cores diferentes em cada pé. Sapatinhos vermelhos com um botão preto, como joaninhas. A menininha usava um chapéuzinho azul, da cor do céu. Ali também brotavam muitas flores.
Um lindo dia a menininha olhava pela janela de seu quartinho e viu um rapazinho passando ali na frente de sua casa.
O rapazinho se vestia de preto.
O rapazinho andava para baixo, como olhar baixo, o passo lento, triste.
Mas o rapazinho olhou para a menininha, e ao olhar para ela, sorriu de leve.
Daquele sorriso nasceu uma flor. Talvez a flor mais linda que a menininha já tivesse visto.
O rapazinho foi embora. A flor ficou.
A menininha correu até a rua, pegou a flor e a plantou no meio de seu jardinzinho.

Hoje a mocinha passa metade de seu tempo olhando a flor mais bonita plantada no meio do jardim, e a outra metade, olhando pela janela de seu quarto, que agora ficou pequeno demais para seus suspiros.

domingo, 30 de março de 2008

Sobre a traição

Ele ia te abraçar
mas errou de corpo
errou de braço
errou de laço
errou o perfume
abraçou como a um cristal
abraçou uma outra mulher
e parece que foi proposital.

sexta-feira, 28 de março de 2008

O seu sorriso

É como se um mundo novo se abrisse
cada vez que você sorri
É como se o Sol saísse
e as estrelas brilhassem um pouco mais
É como se as nuvens se dissipassem em um segundo
O suficiente pra eu poder respirar mais um pouco.
Cada vez que você sorri.

:)

Óculos novos

A armação é roxa e laranja
E o formato dele deve ser menos quadradão
Eu acho que meus novos óculos
vão me ensinar a enchergar o mundo
ver um pouco mais;

Sobre a violência

É que está escrito nos seus olhos
toda brincadeira reprimida
e aquela lágrima que caiu e ninguém jamais percebeu
ainda tenta se libertar de algum jeito em você.
E você acha que é nos outros que vai se soltar.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Dilatando olhos.

Meu querido, fomos ao médico. As vezes a gente precisa, né, de um cuidado especialista. As vezes a gente precisa de alguém que diga que nós precisamos mudar a dieta, aumentar os abraços, aprender a olhar, e é incrível, a gente só acredita se tiver diploma preso na parede.
Esse médico nosso é médico do olho.
Pingou umas gotinhas mágicas e disse "Agora você vai ver tudo que ainda não tinha visto". Fiquei com um medo! Como assim ver tudo, doutor?
Só sei que na hora ardeu. Depois embaçou tudo (Como que eu vejo tudo que eu ainda não tinha visto com o olho assim, embaçado?!). Depois me deu uma zonzeira, uma tontura que só. Depois todas as luzes do mundo me incomodavam. Depois assentou. O olhinho dilatado com a nossa realidade.
Vejo tudo. E o que é o tudo?
Vou te passar o número de um médico do olho muito bom, você vai ver tudo!

sábado, 22 de março de 2008

Para construir uma felicidade.

Olhe o passarinho. Olhe as estrelas. Olhe o mar. Olhe as pessoas.
Enchergue além do que se vê. Enchergue o sentimento por trás de um sorriso. Ou de um tapa.
Entenda esse sentimento. Compreenda o sofrimento, alegre a alegria.
Viva o agora.
Esqueça o ontem. Esqueça tudo que te magoa. Esqueça quem não merece ser lembrado. Esqueça tudo que te limita. Esqueça o amanhã.
Invente uma realidade nova. Invente um segredo novo (Não se esqueça de que esses são invencionices!) Invente um momento novo. Invente um outro ideal. Invente uma palavra nova.
Pare de usar verbos no imperativo. Pare de roer as unhas. Pare de exagerar, seja lá no que for. Pare de correr tanto. Pare de ignorar os outros.
Tente abraçar alguém que nunca abraçou. Tente sorrir para todos. Tente estender a mão para uma pessoa que não espera essa ajuda. Tente não sentir ciúmes. Tente ouvir Vinícius de Moraes. Tente perceber que o mundo é tão maior.
Abra novas portas. Abra os olhos.
Diga todas as palavras bonitas que encontrar. Diga todos os "eu te amo" que sejam necessários. Diga "bom dia" aos vizinhos. Diga "Olá" para quem é novo no grupo.
Pergunte se está tudo bem.
Se preocupe com os outros. Se preocupe consigo mesmo.
Evite ser egoísta. Evite ser negligente. Evite ser chato. Evite falar demais. Evite sumir de si mesmo. Evite mentir.
Encontre em si algo que goste muito. Encontre nos outros todas as qualidades.
Construa algo que seja bom não só para você, mas para todos a sua volta.
Construa a felicidade em qualquer chão que pisar.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Como escrever uma poesia:

Pegue todas as palavras bonitas
sobre determinado assunto
e junte-as do modo que melhor lhe agradar.
Separe-as em versos e estrofes,
sem separá-las de si mesmas.

Escreva tudo o que lhe vier à mente
e verá que depois fará sentido.
Nem que seja só para você.

terça-feira, 18 de março de 2008

Vestidinho da princesa

E quando eu me sinto só
eu visto aquele vestido de princesa e vou brincar
brincar de princesiar pelos reinos do meu infinito
brincar de talvez encontrar um príncipe de algum infinito outro
brincar de talvez correr por pradarias verdes com esse tal príncipe,
só por diversão,
só pra imaginação não parar de me acolher quando mais preciso.

terça-feira, 11 de março de 2008

Casal discute a relação

Mas nos seus rostos sérios
está escrito:
Fechados pra manutenção.

Não!

Não!
Não se aproxime desse jeito
nunca mais
Se mantenha longe
Se mantenha afastado
Não converse comigo!

Eu não estou preparada para te ter
por perto mais uma vez
O seu sorriso ainda mexe comigo
Seu olhar assim, tão perto
ainda me faz lembrar
Suas mãos ainda me fazem lembrar.

Você ainda me faz lembrar.

Mas você insiste em vir
sorrir
olhar
lembrar.

E eu sinto ciúme!
Meu deus, eu sinto ciúmes.
MORRO de ciúme.

E você nem é meu.
E você nem liga.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Etiqueta.

Ei, moço! A sua etiqueta está aparecendo!, quase digo em um momento de loucura. Na fila do supermercado, o rapaz está apressado na minha frente.
A etiqueta da camiseta dele estava aparecendo, e eu apenas olhando praquele "M" escrito, quase arrumando pra ele, tamanha era a minha agonia.
Acho que seria pisoteada por um rapaz apressado.
Pobre rapaz, tão ansioso, inexpressivamente injuriado. Pobre moço, se você só arrumasse essa etiqueta, as coisas já estariam melhores!

domingo, 9 de março de 2008

Pois é;

Admito:
dessa vez você quebrou as minhas pernas.
Dessa vez olho para os lados e não encontro mais ninguém,
posto que você (que estava junto de mim) resolveu ir embora!

Mas é claro, minha amiga
a culpa não é sua!
Não posso me zangar contigo.

Mas saiba:
quebraste minhas pernas.

Sobre as palavras

Não me acaricie como elas
Não me bata como elas
Não se entregue a mim tão delicado quanto elas
Não tente ser melhor que elas

Não há ninguém que possa se comparar a elas.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Faltou a luz.

É que quando chove
os postes ficam tristinhos
pois não poderão bater palmas iluminadas.

Sobre os cabos do computador;

A gente não os vê
mas estão sempre ali, entrelaçados
se amando como ninguém aqui.

Menina Solitária

Você olha para ela e sente pena
Dó, dó por ela ser tão sozinha.
A menina anda por todas as ruas da pequena cidade no interior de seu coração,
ela e seus loucos pensamentos,
suas pequenas e desvairadas mordaças imaginárias
Seu olhar perdido, sempre pensando em alguém que não está ali

Você olha para ela e sente pena,
mas o que você não sabe é que ela te olha com a mesma pena
pois não consegue imaginar vida com tanta gente ao redor
tantas cobranças,
tanta pressão, tanta hipocrisia,
tanto sofrimento!
E ela se pergunta se você escapa da solidão.

Você escapa da solidão?

Félix

Hoje ouvi teu nome num miado de gato de rua, e senti aquela saudade apertando o joelho (é que saudade em mim aperta joelho), e lembrei de como você era o meu melhor amigo,
e se eu estivesse triste você viria e me abraçaria daquele seu jeito, daquele jeitinho que só você sabe fazer, enquanto todos os outros se afastariam, provavelmente com medo das minhas lágrimas.
Mas você vinha e as limpava do meu rosto e depois disso se deitava no meu colo e dormia, arrumando todas as bagunças com o seu calor de solidariedade.
E quando eu estava feliz, podia te apertar o quanto eu quisesse que você não ia reclamar, só ficar ali, torcendo pra que toda a minha alegria estravasasse pelo infinito.
Você era o meu pedacinho de céu, mas agora é um pedacinho de céu de todos nós, você está sempre lá me mandando um olá.