domingo, 28 de outubro de 2007

Perfeição.

Teve aquele dia que eu te conheci e pensei
"Ele é legal,
quero que seja meu amigo."
Teve aquele dia que viramos amigos e pensei
"Ele realmente é muito legal.
Gosto de conversar com ele."
Teve aquele dia que estava contando de você pras minhas amigas e pensei
"Eu tenho falado demais nele.
O que que tá acontecendo?"
Teve aquele dia que me vi apaixonada por você e pensei
"Não acredito.
Mas ele é tão legal, talvez seja até perfeito pra mim."
Teve aquele dia que eu te olhei e pensei
"Ele é o homem da minha vida.
Como ele é perfeito."
Teve aquele dia que você me olhou e pensei
"Ele sente o mesmo,
Somos perfeitos um pro outro"
E teve aquele dia que você me beijou e pensei
"Não tem discussão,
Ele é perfeito."
E teve aquele dia que foi o dia seguinte, pensei
"O que tá acontecendo?"
E nos dias que se seguiram, pensei
"Ele é perfeito, mas...
Por quê age desse jeito?"
E no mês que se seguiu eu pensei
"Que apesar de perfeito,
ele não sabe como agir comigo."
E no dia que estava chorando por sua causa, pensei
"Por que que ele me faz sentir desse jeito?
Não era pra ser perfeito?"
E no dia que estava falando disso com minhas amigas, elas me disseram
"Deixa disso, ele não é perfeito coisa nenhuma.
Ele é um idiota."
E eu tive que aceitar.
E hoje, olhando pra você, pensei
"Ele poderia ter sido perfeito, poderia ter sido tão perfeito.
Tudo poderia ter sido perfeito.
Talvez ele fosse o homem da minha vida. Mas agora
Agora o que vejo é um menino. Não um homem, um menino.
Um menino fraco, que se esconde na idéia de homem perfeito.
Perfeito?
Não, ele não é perfeito."
Pena que eu ainda te amo.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Dominando infinitos particulares;

Quando você me disse que ia,
Ah, que ia dominar o meu infinito particular.
E, sim, foi o que você me disse
quando tudo que dizíamos eram besteiras inocentes,
ou pra mim era só isso!
Ou você já pretendia me fazer sofrer desse jeito?
Ou já pretendia me levar ao céu só pra que a queda fosse maior?

Você me disse,
E nunca explicou.
Disse que ia dominar o meu infinito particular!
E eu pensei que talvez você já o tivesse feito.
E que se isso ainda não tinha acontecido, seria fácil que acontecesse.

E você sabia exatamente como fazê-lo
E eu não sabia que você sabia assobiar.

Dominou meu infinito particular.
Pois hoje ele é todo teu.
Hoje sou toda tua, mas não quer mais.
Você me jogou do céu,
Bem em cima da entrada pro inferno.
A queda foi ainda maior, e agora estou presa neste inferno que é
Que é ter um infinito particular dominado por você.
Sem ter você em mim.
Sem que eu dominasse o seu também.

domingo, 21 de outubro de 2007

O chão

Enquanto ele andava em sua direção, ela olhava para o chão
Quando ele parou na sua frente, ela viu, de repente
Que ele olhava para ela, e ela olhava para o chão
E ele se sentou ao seu lado, e ela olhava para seu sapato
Ele segurou sua mão, e ela, surpresa, olhou para o chão.
Ele falou "Olha pra mim" e ela respondeu "Não faz assim."
Os dois seguiram em silêncio, ela olhando pro chão.
Ele olhando para ela.
Ele a puxou pela nuca, e parou com seus rostos colados.
"Eu te amo." Ele disse.
Ela o olhou assustada.
Ele a beijou apaixonado.
Ela o beijou apaixonada.
"Agora você olha nos meus olhos? Agora você entende o que eu sinto?" Ele perguntou, com amor.
"Eu te amo muito! Por isso não olho nos seus olhos. Tenho medo de me perder lá dentro e deixar de existir na realidade, só nos seus olhos castanhos. "
Eles se beijaram mais uma vez.
"Não se preocupa, se você se perder nos meus olhos castanhos, eu me perco nos seus, a gente se perde um dentro do outro pra sempre, vira só um."
Ela olhou para os olhos dele.
A gente vira só um.

sábado, 20 de outubro de 2007

Alguma coisa

Ah, tem algo em você que eu não gosto.
Algo que eu realmente não gosto.
Não mesmo.
Mas alguma coisa me diz que é bem isso que eu não gosto em você que me prende tanto.
Que faz com que eu sonhe com você toda noite, que faz com que cada músculo do meu corpo se contraia só de pensar em você.
É alguma coisa que eu não sei explicar.
Alguma coisa no olhar, alguma coisa no jeito de falar, alguma coisa nos seus trejeitos.
Alguma coisa em você que me assusta, me espanta, me ilude.
Acho que essa coisa é exatamente essa coisa: A sua capacidade de me fazer sentir.

Oi!

Daqui pra baixo, os textos antigos, que já foram postados no antigo blog.


Não é importante saber meu nme, portanto podem me chamar do que lhes apetecer.
Muito obrigada pela não-presença.

Vamos carnavalizar?

O grito

Ele foi feito um grito.Mas não um grito alto, um grito feio, um grito escandaloso, daqueles que machucam os ouvidos.Ele foi um grito melado, molhado de fofura.Foi um grito daqueles que acariciam, daqueles que quase beijam. Não, um grito que foi na verdade um beijo. Um beijo longo, um beijo cheio de alguma coisa que não sei nem o quê.Ele foi um grito. Um grito intenso, um grito poderoso.Um grito daqueles que acordam cada célula do nosso corpo. Daqueles que despertam, e quando eu fui olhar, era um grito lindo. Era um grito que ainda falava meu nome!

Mas gritos são gritos e gritos duram pouco. Até que o fôlego desse durou bastante. E quando eu cheguei mais perto, quando eu encostei meus lábios nos dele pra acalmar o grito e deixar que viesse o que vem depois, aquele grito se calou.Não era mais grito, não era mais melado, não era mais molhado, não era mais sopro de vida como era antes. Nem sussurro não era mais.Nem respiração, nem A nem Bê.Era silêncio, e silêncio foi desde então.É silêncio daquele dia até hoje. E até amanhã, e até mês que vem, e até não sei quando mais.

O vácuo

Não vou te esquecer.
Não quero que você me esqueça.
Não vou acreditar que você não o fará.
Não vou chorar.
Não vou esquecer o que eu já chorei.

Vou chorar.
Vou gritar.
O som não se propaga no vácuo.
Nem no vácuo do meu coração;
Nem no silêncio dos meus pensamentos.
Meus sentimentos gritam, ressonam, batem.
Não são ouvidos.
O silêncio é maior.
A solidão é maior.

O Primeiro Beijo

Olhava para o nada
e senti sua respiração chegando perto
e senti seus olhos chegando perto
e senti seu corpo chegando perto
e senti seus lábios chegando perto.

Cada vez mais perto.
Nossos lábios se encontraram
E num turbilhão de pensamentos e emoções
o primeiro beijo aconteceu.
Um beijo doce, lento,
Um beijo especial.

Parecia beijo de filme,
Parecia beijo imaginário,
Parecia beijo de mentira,
Parecia que não tinha mais nada,
Parecia que tinha magia.

Say something funny

Diga algo engraçado. Por favor, o diga agora. Me faça rir, me faça sentir como se tudo estivesse bem. Me faça esquecer todas as lágrimas que derramei em sua homenagem, faça com que eu esqueça toda a dor que me fez sentir. Fala rápido, é disso que eu preciso. Diga algo engraçado.

Macarrão na Sopa

O vento bate forte na janela
que, arrepiada, ressona.
Meu medo é de que esse vento leve
junto com as folhas de poesia,
meus sentimentos por você.

Esse medo, como claustrofobia,
Me toma por inteiro,
me prende no palpitar do meu coração.
Não sei se é bom ou mal,
isso que eu acho que sinto,
mas é o que eu tenho de mais forte pra me agarrar.
E é em você que eu penso
quando as luzes se apagam e eu tenho medo do escuro.
E só de pensar em ti já me sinto protegida.
E é em você que eu penso
quando há apenas solidão.
E, meu bem,
só de lembrar de você já não me sinto tão sozinha assim.

E se me vir parada,
olhando pro nada,
é que eu estou pensando em nossas diferenças,
e como elas nos deixam tão parecidos.
É que eu estou pensando nas nossas contradições,
e além de tudo,
pensando em quando vou te ver de novo.
É pensando em ti.
Somente em ti, amor.
O vento bate forte na janela.
Já não escuto a janela, insípida.
Já não sinto medo,
e rasgo as poesias.
Mas o que eu sinto por você,
o que eu sinto por você fica.

As formigas.

Ela chegou, a pequena formiga. Chegou naquela festa de formigas. E ele estava lá, o formigo. Também foi convidado pra festa de formigas. Eles se viram, se cumprimentaram como formigas se cumprimentam. Conversavam sobre amenidades, os pequeno casal de formigas. Talvez o tempo ("Será que chove?"), ou detalhes nas roupas uns dos outros ("Belos sapatos, os seus."). Evitavam se olhar, evitavam que seus olhos se encontrassem. E se o fizessem, logo se viravam. Logo se desviavam. Sorriam, mas de um jeito triste. Sorriam por educação, tudo o que queriam era não estar ali, a formiga na frente do formigo. O formigo na frente da formiga. A tristeza em seus olhares de formiga. Outras formigas e outros formigos se aproximavam, e os dois ficavam lá, se evitando, evitando o olhar, evitando a troca de palavras, evitando.O formigo foi embora, e a formiga quis chorar. A formiga não sabe mais como agir perto do formigo, sentindo tudo o que sente por ele. Uma formiga confusa e apaixonada pelo formigo, e o formigo foi embora. O que estará o formigo fazendo agora? Será que ele sente o mesmo?Por que ele também a evita?

Sobre o luto.

Laurinha vivia a vida feliz num casamento feliz. Amava seu marido como jamais havia amado qualquer outro homem. Amava sua vida, seus lindos filhos que cresciam, logo já seriam adultos. Havia feito muito pra ter aquilo tudo, e dava muito valor a isso tudo.Seu marido era um homem maravilhoso, em todos os sentidos, ele era o príncipe encantado que toda mulher sonha, apesar de seus defeitos (afinal, quem não tem defeitos?). Mesmo em seus defeitos, Laurinha o achava incrível, e ele realmente o era, até o dia em que repentinamente sumiu. Foi embora dizendo que não a amava mais, que não a queria mais.A mulher não acreditou, achou que era apenas uma piadinha de mau gosto. Mas viu que não, viu que ele realmente tinha partido. Como aquilo podia ter acontecido? Eles se amavam tanto...Laurinha não era mais Laurinha, era Laura. Laura não sabia mais nem quem era, afinal, o que era sem ser o que sempre foi, o seu amor?Não sabia mais como era a vida sem ele, sem sua maior verdade. Não sabia mais como era dormir sem sentir seu corpo quente ao seu lado, não sabia como fazer compras sem que ele estivesse junto, a ajudando. Não sabia como agir frente a várias situações...Mesmo assim continuou vivendo, continuou seguindo sua vida da mesma forma que seguia antes daquele choque. Ia ao cinema, teatro, saía, ría (apesar de suas risadas não terem mais a menor alegria), vivia. Como se nada tivesse acontecido.Ela começou a sonhar com ele, sonhos terríveis em que acordava chorando e não podia mais dormir. Ele estava em todos os lugares, mas nada abalava sua imagem de mulher perfeita, nada abalava as máscaras que ela tinha construído a sua volta.Entrou em depressão, pensou diversas vezes em suicídio, mas continuava sendo a mesma Laurinha (Laura.) para os outros.Passaram-se anos desde o terrível dia em que ele foi embora. E ela continua sendo a mesma Laurinha(Laura.) de antes. Sofrendo em seus pesadelos, sofrendo em seus banhos com a gilette, sofrendo ao acordar, sofrendo ao levantar, sofrendo, sofrendo, sofrendo. É como se o sofrimento de Laura nunca vai se esgotar. "Por que?" ela se pergunta, "Por que eu não me solto desse sofrimento? Por que as pessoas sempre superam essas perdas, e eu continuo vivendo desse jeito?"E ela não entende que ao tentar esconder a dor, apenas a guarda mais fundo, apenas deixa que se alastre como uma doença mortal. Ela não pode entender que o luto é necessário, ela não entenderá que a tristeza só passa depois que ela se entregar pra isso, depois que ela viver isso intensamente. Depois que ela viver essa morte. Depois do luto.

Olhos Castanhos

Ele então me deixou, partiu.
E junto com ele deixei toda minha vida:
Minhas risadas realmente alegres,
meus sorrisos verdadeiros
,meu sono, minha fome, meu luar.
Meus pensamentos que não eram nele.
Minha capacidade de me concentrar
Em qualquer coisa que não aquela cena
de nossos olhos se abrindo juntos,
lentamente,
e seus olhos castanhos dançando na minha frente.
Seus olhos castanhos sorrindo enquanto olham nos meus.

Mas você foi embora, nunca mais voltou.
E continuo lá, olhando seus olhos castanhos
pois estes estão em todo lugar:
no silêncio do meu quarto,
na bagunça de uma sala de aula.
Seus olhos castanhos continuam me olhando,
foi o que me deixou como recordação.

E agora quando te vejo,
não sorri mais
Nem você nem seus lindos olhos castanhos.
E quando me vê? Corre.
Você corre, e leva contigo meus olhos castanhos.
Corre por quê, meu bem?
Eu não corro atrás,
não consigo te acompanhar.
Ele está fugindo de novo,
Ele corre pra nunca mais voltar.
Eu fico aqui, e tudo que tenho
são seus lindos olhos castanhos.
Que agora choram,choram de solidão.
Apenas seus olhos castanhos.

Amanhã.

Hoje acordei com o Amanhã na cabeça. O Amanhã gritava, sacudia, ali dentro, queria sair logo, queria ver, ser, estar, na verdade.O Amanhã me atormentou todo o dia de Hoje. Cada segundozinho que passava de Hoje, o Amanhã dava mais um gritinho dentro da minha cabeça. Era como uma dor de cabeça que não importa o que se faça, não passa. Fica ali, batucando nas paredes dos sentimentos, sensações, emoções, reflexos, etc.Não conseguia parar de pensar no chato do Amanhã, no insuportável Amanhã.Logo já era um liqüidificador de Amanhãs, Depois-de-amanhãs, anos-que-vem...Mas então me assustei ao perceber que o Ontem tava ali também! Esse era pior ainda, gritava nos meus ouvidos dizendo "Lembre de mim! Lembre de mim, não me esqueça jamais!", esse não permitia que eu vivesse. E o pobre Hoje seguia só, seguia em frente, em direção ao Amanhã. Seguia sozinho, afinal, qual o ser humano que pode dar atenção a três gritos diferentes, opostos, e ao mesmo tempo? O Hoje se absteve de gritar. O Hoje se absteve de se expor, se absteve de ser algo maior que um simples Hoje. E eu me esqueci de quão importante seria o Hoje, me importei só com o Amanhã que tava por vir, ou com o Ontem que não me deixava esquecer...O Hoje passou, foi embora, o que seria Amanhã virou tudo isso: O Hoje. E o Ontem continuou sendo o que era. Apenas o Ontem.