sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Mais um.

E quando a gente acaba percebendo que se iludiu?
E quando só o que nos resta é a percepção de que talvez as coisas não sejam assim, tão lindas como a gente sonhava.
Talvez você não seja tudo que eu sempre quis
e talvez eu nunca saiba se o é ou não!
As coisas ficam difíceis, conforme o tempo vai passando.
E algumas realidades não são tão graciosas quanto a gente sonha.

Não sei de nada.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ovo de codorna

Pois é, meu querido ovinho... O seu caminho até aqui foi muito, muito fácil! Do frágil corpo de sua mamãe codorna, para as bandejinhas confortáveis, e das bandejinhas para o fogão...
Tudo muito fácil! Agora está aqui, quieto e calmo na minha frente, e só o que tenho que fazer é descascar-te calmamente... Vou te limpando dessa camada de segurança que o envolve...
Não tenha medo! Mas já vou te contando o seu futuro: Vai ser mastigado por uma pessoa que nem te conhece (não tanto quanto eu), nem se interessa por quem você é.
Será engolido, deglutido. Então vem a pior parte: o estômago. Ah, sim, o estômago... Imagine um monstro, um grande monstro cheio de líquidos corrosivos, cheio de movimentos bruscos, cheio de destruições. Não tente resistir... Vai ser destruído completamente. Já não saberá mais se é você mesmo ou se agora já se misturou com a alface, o arroz, o feijão e todas as outras vítimas (fatais) de tal ser.
O resto do seu futuro... Não, meu querido, pra você não há futuro, a partir daí você realmente já não é mais nada.
Não quero te amedrontar. Mas espero que esteja preparado.

Tecendo momentos.

Ah, quero abraçar-te e estar contigo, quero elogiar suas roupas e me estirar ao teu lado, pra que enxergues comigo qualquer detalhe no tecido todo azul do céu, cada estrelinha bordada à mão desse momento igual.
Quero dizer teu nome e me arrepiar ao te ouvir falando baixinho o meu.
Quero abrir os braços e te encontrar na minha frente, te encontrar de braços igualmente abertos, para mim.
Quero te encontrar em cada olhar, em cada segundo da minha existência crer que há um pouco de você em mim.
Quero nunca ter que dizer adeus.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Aflição de você

E agora, como é que eu convivo com essa aflição enorme que é gostar tanto de você?
E que situação mais desagradável!
Nem tenho como te olhar nos olhos, ou te abraçar apertado pra sentir se seu coração também bate mais forte!
E se você na verdade não gostar nem um pouco de mim? E se não quiser nem tentar gostar de mim?
Não sei se um dia vou saber, já que nas poucas vezes que te vejo, tenho tanta vergonha que não consigo nem ao menos dizer um "olá"!
Você também não fala comigo. Nem olha. Não sei de mais nada, mas não queria mais essa aflição.
Nunca mais.

As não-regras

Ela não tinha aquele saudável hábito
de respeitar as leis
via prazer em burlar todo tipo de regra.
Por isso ficou sozinha.
Sem amigos, sem parceiros.
Sem ninguém.

Inventou (sozinha) aquele jogo que se joga solitária.
Cujas regras podem ser quebradas...
Podem não. Devem!

E lá vai a menina sozinha
jogando sozinha
o jogo dos solitários;
sem regras nem limites.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ilusões apaixonadas dentro de uma barraca flutuante;

"Is this love, is this love that I'm feeling?"

Ela se deita no chão frio de sua barraca da cor da água fria que caía a sua volta. A música que tocou no vizinho era Bob Marley. Ela não tinha sono e via todas as luzes se apagando e ela ali, sozinha.
A música a tomava por inteiro na solidão da barraca, e a chuva que caía a fazia flutuar, levitar, voar pra tão longe quanto seria possível naquele instante. Todos os sons foram calmamente cessando, até que tudo o que sobrou foi o som de sua própria respiração e o Bob Marley no vizinho ("is this love, is this love, is this love that I'm feeling?") respirando junto com ela.
Não. Havia mais alguém ali, uma terceira pessoa além dela e do Bob Marley. Uma pessoa nova, diferente. Ele.
Ah, ele estava ali com ela, e ela não sabia mais o que pensar ou dizer para ele. Logo ele, que não era para ser ninguém, nada além de uma conversa divertida, uma companhia nada palpável, quase totalmente virtual. Logo ele lhe estava roubando o sono!
Agora ele se senta na sua frente, encolhe as pernas compridas, afasta os cabelos de cima dos olhos e a olha.
- Por que você está aqui? - ela lhe pergunta, com os olhos úmidos.
- Porque você quis que eu estivesse aqui!
- Não! Eu nunca quis que você estivesse aqui dentro de mim! - ela responde, agoniada.
- Por que você não quer admitir que é isso, justo isso, que você mais quer agora, nesse instante?
Bob Marley cantava mais suave agora. Até ele queria ouvir aquela conversa.
- Eu... eu não vou admitir nada! Eu não quero te admitir aqui na minha mente...!
- Então eu vou embora. - ele já esticava novamente as pernas compridas demais.
- NÃO! Fica mais um pouco... Eu tenho medo dos escuros de quando você vai embora! Eu... gosto tanto de você...
Mas ele já tinha ido. A barraca agora era cor de terra, e a água entrava pelas paredes de seda fina. Os vizinhos agora bebiam e gritavam e davam risadas estridentes. Nada mais flutuava, nem voava, nem nada. Era só uma barraca encharcada com uma menina solitária lá dentro.
O som de Bob Marley diminuía, quase acabando... "This must be love."

...

Você acaba de começar a me irritar
com sua insistência em achar que sabe tudo,
com suas certezas,
com suas filosofias.

Você está me irritando com esse seu olhar,
e quando você me diz
"como você é dissimulada!"
Você nem me conhece!
Você (só) acha que sabe quem eu sou.

E eu, que gostava tanto de você
que tinha medo de te decepcionar
percebi, de repente,
que foi você quem me decepcionou!
Fingindo saber quem eu sou,
você me decepcionou.

Despretencione-se, rapaz!
Você não é o rei do meu mundo.
Você não soube me conquistar!
Você nem sabe o que se esconde em mim...

E achou que era sua!
Achou que por você eu me ajoelhava.
Só sua...
E eu entendi que você não é nada.
Ninguém.
Você, rapaz, me decepcionou.

Essa é pra você;

Não sou perfeita,
meu corpo não é como eu queria que fosse.
Meus olhos são muito juntos,
e meu nariz é grande demais.

Aliás, sou é cheia de defeitos:
insegura, anciosa, instável, desastrosa, escandalosa, tímida.

Só queria que você enchergasse em mim
tudo de bom que eu não consigo ver.
Queria que você me abraçasse e me disse
que sou linda.
Desejo que você faça o que só você sabe fazer,
me sentir mais mulher
me fazer mais amada.

Se só você encontrasse em mim
o meu sorriso não é tão ruim assim
o meu olhar tem sentimento só por você
o meu pensamento é só em você.

Se você só não ignorasse
que te abraçar é meu maior desejo agora
E te olhar nos olhos
E saber que riremos juntos quando nosso
olhar se encontrar...
Já é mais alegre que qualquer coisa.

Só se você soubesse
que pra mim você é Sol quando faz sol,
E é chuva quando chove.
Pra mim você é vento quando venta.
Pra mim você é mar na maresia.

Se você me visse como sou por dentro
e se ao me ver por dentro
Percebesse que pra você também sou mar,
também sou chuva, vento, sol.
E o que mais for.