domingo, 8 de abril de 2012

Gabriel,

sonhei que você me dava um pedacinho do seu quarto pr'eu arrumar... pr'eu manter bem limpinho... algo pequeno - que seja! - como o criado-mudo, bem debaixo do abajur, que ainda tem uma lata de Budweiser esquecida. Ou o espaço entre o Drummond que te dei de presente e o Amor Nos Tempos do Cólera que te emprestei - e sei que você nunca leu! - em uma das estantes de livros e jogos e memórias... no meu sonho você me entregava e pedia honestamente: cuida pra mim? E como é do meu feitio eu te abraçava e prometia claro, com toda a certeza. Nem precisa pedir de novo. E como é do meu costume me poria como leoa em cima dos meus centímetros quadrados - e que mais ninguém se aproxime pra roubar o que é meu! - e eu olharia por eles e limparia cada farelinho de poeira que caísse e eu organizaria as coisas em ordem crescente de tamanho ou importância e esconderia da tua vista o que você não gosta pra você nunca pensar em desistir... de mim ou de você, não sei. No meu sonho quando você se sentisse exausto de ter de cuidar de tudo não só no quarto, mas na casa, no quintal e até na rua, ainda haveria aquele pensamento calmante de que pelo menos o criado-mudo está bem cuidado, porque a sua velha amiga não saiu de lá nem por um segundo e ela está te ajudando em silêncio... ela está te amando em silêncio.

sábado, 7 de abril de 2012

LORENA - Sabe, Quim, às vezes me olho no espelho e me amo. Amo o jeito do meu sorriso e o meu olhar que pode ser sedutor mas pode ser tão ingênuo...! Eu adoro o toque da minha pele e o roçar das minhas coxas e me sinto linda. Às vezes amo tudo em mim, minha voz e meu jeito de ser irmã, amiga, amante tua ou de qualquer outra pessoa. O que me deixa encafifada é que justamente nesses dias eu sinto uma vontade - não! Não é só vontade, é uma necessidade!! - uma necessidade inadiável de colocar as minhas duas mãos nos fios da rede elétrica...