sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Como é isso? Devo te mandar um convite timbrado via correio? Talvez um e-mail descolado te chamando para tomar um... café? Ainda se convida alguém para tomar café? Talvez... não sei, aparecer pela sua vizinhança "sem querer" e quem sabe te ver passando na rua, um aceno breve, oi como você tá nossa quanto tempo tá livre vamo fazer alguma coisa? Não, desse jeito nunca daria certo. Não quero parecer louca. Não agora que já estou quase numa boa de novo. Mas eu queria tanto, tanto te convidar pra conhecer aqui: uma cidadezinha com árvores frutíferas e ao redor os monstros da engenharia moderna, civil. Sei lá, uns dias só: de turista mesmo. Você viria e eu te mostraria os pontos turísticos: a cachoeirinha que ainda não sabe direito se é de rio ou córrego, o campeco onde rola o futebol, o coreto no centrinho perto da igreja que ninguém frequenta e a praça que ninguém visita... um fim de semana já bastava. Queria te mostrar que isso de ser simples é bem simples. Pra você tirar umas fotos. Entende? Eu também não. Só sei disso; você em mim. Curioso por mim. Querendo saber de onde eu vim. Você em mim...

domingo, 20 de janeiro de 2013

Então você começou cedo com os vícios dos adultos frustrados? Bebe café e fuma cigarros, um em cima do outro, se possível um whisky sem gelo no fim do dia? Vem cá, garoto, o que é que você vai fazer quando tiver 40 anos de idade, nenhuma perspectiva nem porta pra escapar? O que é que você vai fazer, baby? Pílulas pra dormir? Escapismos psicológicos? Você vai voltar a frequentar baladas e consumir ecstasy? Ou vai arregar: overdose faixa preta, uma bala atravessando esse seu cérebrozinho, pulsos cortados cinematograficamente na banheira tingida de vermelho? Hein? Como é que você vai sair da sua banalidade, já que os seus mini-vícios já não terão nenhuma valia? Vai fazer yoga? Massoterapia? Hein, querido? Pra onde é que você vai?

sábado, 19 de janeiro de 2013

Uma desvairada, ela era.
Des-vai-ra-da.
Hot dogs, sushis e cigarros.
Ela poderia te ligar de madrugada, poderia cruzar a paulista correndo, poderia matar os peixes sob os pés. Você espera qualquer coisa da doida.
Mas não.

Ela apenas se deitou e dormiu até o dia seguinte, acordou às oito da manhã e saiu para correr.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Isto não é uma crônica

Éramos só nós dois naquela cama king size, aliás, muito maior do que os nossos corpos, e eu me deitava de sutiã lendo um livro qualquer, Dostoievski, Lispector, Diderot sei lá; enquanto ele fingia que me olhava. Ele estava dormindo, só isso, de olhos abertos ou não, dormindo. Eu soltei os meus cabelos e fiz assim com o braço, para parece mais selvagem. Mais perigosa. Uma risada seca agora. Selvagem? Perigosa? Patética, é claro. Eu estava patética. Livros, cigarros, cabelos soltos. Um ângulo esquisito com os braços. E o homem dormia... Toquei sua pele atrás de um carinho qualquer e ele achou que vamos transar. Transamos e eu só queria que ele não passasse de um personagem fictício de uma história que eu ia escrever, porque assim ele jamais dormiria fingindo me olhar; mas era um homem, real, acenderia um cigarro agora e eu ainda assim, cabelos soltos e ainda virgem, de uma inocência sobre-humana.