domingo, 21 de novembro de 2010

No futuro, vocês vão (in) ver no
âmago do dia, cinza,
floricultura fechada
fachadas desbotadas
parábola triste de fim de dia.

No futuro, encontrarão a primeira
voraz vera
cujas flores enfeitarão a calçada
e os fragmentos do passado.
Na verdade, verão o retorno veríssimo
da vida.


Verão: no futuro, vocês verão
Ver de verde o veraneio
do sol a verter seus raios
sob todos os ângulos, virtuais ou não.

No futuro, um out(r)o-ano
cheio de folhas já escritas
com poemas já declamados
jogados no chão,
o chão de outono que é a
passarela do esquecimento.
Fraqueja, bicho.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Sem querer, colei os olhos no espelho quebrado, exposto no meio do passeio. Entre os estilhaços clarearam-se todos os fragmentos do passado, e foi quando eu compreendi. Os olhos atravessando a linha tênue e imprevisível entre o real e o virtual em pedaços, todos os meus medos e todos os eus dos quais já me desfiz cintilavam numa pequena epifania: a terra do amor é insegura, e as palavras são sempre poucas quando o dia já acabou.

Cena a dois, para ser encenada em silêncio num. 3

(palco branco. Lorena e Joaquim)

LORENA - Joaquim, você acredita em astrologia?

Bruna

chorar no chuveiro: as lágrimas se misturam com o banho e ninguém percebe nada.
mas os olhos vermelhos te delatam.


(...)

domingo, 14 de novembro de 2010

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

De costas

- O que são esses olhos vermelhos?
- Estive chorando.
- Por quê?
- Porque o mundo me está doendo.
- Fala sério? Oras, não me diga algo assim! És humana, respeita tua superioridade natural!
- Sou humana mas também sou bicho, respeite minha natureza instintiva!
- Não é bicho, és racional.
- Tenho consciência, mas é da minha consciência que sai o sofrimento. Sendo assim, quase seria melhor ser só bicho.
- Um bicho? Escravizado pelas percepções banais, acossado pelos barulhos do mundo, sempre curvado pelo próprio medo? Só um mero bicho?
- Então assim eu sou! Sinto-me a corsa acuada pelo medo, pelo barulho de passos se aproximando, e quando o mundo dói eu fujo e me escondo no fundo da floresta para chorar e esperar que passe.
- Não és bicho, és humana. Mas és fraca.


És fraca.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Confusão

Escuta essa canção que eu te escrevi
pra te dizer que a tua voz
é algo como o som do Mar...
Algo como o vento sussurrando
e penetrando os meus ouvidos
para encher de cor os meus silêncios vagos.
Escuta essa canção que eu compus
para te mostrar o que eu sei de amor.
Escuta essa canção! Escuta!
Essa música que sai da pena e do papel
pra te provar que sou humana...
Escuta a minha alma em coro
cantando os sinos pra você ouvir
E quando você se sentir sozinho
escuta essa canção.
Fecha os olhos e apenas
me escuta...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

'O meu tempo é quando'

Deseja ir embora e desaparecer mas... Por quê? O que está machucando tanto? Onde lhe dói? Na alma? No corpo? Nesse coração falso que pretende indiferença, mas quer a possessão, quer a preferência, que coração egoísta e traidor você tem, garota de olhos doces! É para sentir menos solidão. Que garras são teus olhos, menina! É para tentar te segurar mais perto, mais... Que olhos doces você tem, garota! É para te enganar e te fazer crer que sou boa e não machuco. Que brilho letal nesses teus olhos, mulher! É para te convencer a vir até mim, escondendo essas fraquezas que me devoram. Que tristeza nessa voz, raposa... É porque eu ainda não aprendi a perder, nem tampouco a disfarçar a minha dor.