segunda-feira, 18 de julho de 2011

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o mundo é ingrato a todos os desmedidos. A mim, que amo desmedidamente, a ti, que és a indiferença incontrolável. Cuida, rapaz, cuida dos que te protegem, pra que você não fique sozinho, realmente abandonado na sarjeta ou no escuro do quarto. Por mais interessante que você seja, ninguém suporta por muito tempo ter certeza de que é dispensável. Por isso cuida, explicita as coisas que se passam aí dentro, seja mais que intenções: sê ações. Segura na mão do outro, estuda bem quem se propõe a atravessar ao teu lado; não deixe de lado os que te querem bem. Leva isso pra vida, menino, pra não acabar solitário no mundo.  Pra não acabar vagando, sem ter pra quem ligar quando você sentir medo do fim. Cuida, cuida, repito, é preciso cuidar e para cuidar é preciso coragem para olhar para as feridas pestilentas de quem se põe ao seu redor.  E todos temos feridas abertas, o sangue escorrendo, infecções, cortes, enfim. É preciso perder o nojo da humanidade para encontrar o seu lugar dentro dela. É preciso doar de si: o sangue, um órgão ou apenas um abraço, um mero sorriso cúmplice, um jeito de se afirmar 'aqui contigo, meu irmão'.

2 comentários:

Any disse...

tá certa. doe-se menino!

Feeling disse...

"Por mais interessante que você seja, ninguém suporta por muito tempo ter certeza de que é dispensável." Fato. Os auto-suficientes que se cuidem, sozinhos ficarão.