sábado, 20 de outubro de 2007

O grito

Ele foi feito um grito.Mas não um grito alto, um grito feio, um grito escandaloso, daqueles que machucam os ouvidos.Ele foi um grito melado, molhado de fofura.Foi um grito daqueles que acariciam, daqueles que quase beijam. Não, um grito que foi na verdade um beijo. Um beijo longo, um beijo cheio de alguma coisa que não sei nem o quê.Ele foi um grito. Um grito intenso, um grito poderoso.Um grito daqueles que acordam cada célula do nosso corpo. Daqueles que despertam, e quando eu fui olhar, era um grito lindo. Era um grito que ainda falava meu nome!

Mas gritos são gritos e gritos duram pouco. Até que o fôlego desse durou bastante. E quando eu cheguei mais perto, quando eu encostei meus lábios nos dele pra acalmar o grito e deixar que viesse o que vem depois, aquele grito se calou.Não era mais grito, não era mais melado, não era mais molhado, não era mais sopro de vida como era antes. Nem sussurro não era mais.Nem respiração, nem A nem Bê.Era silêncio, e silêncio foi desde então.É silêncio daquele dia até hoje. E até amanhã, e até mês que vem, e até não sei quando mais.

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