No dia em que cheguei na beirada do mundo, quis ver o que acontecia se. Então, com todas as forças, joguei a última moeda do meu bolso para cima e para frente. E o espetáculo se fez: primeiro, como um gentil sussurro que se vai transformando em grito. O primeiro a desmoronar foi este supérfluo século em que os aparelhos digitais não suportam quedas ou quaisquer maus tratos. Por cima da TV de plasma desabou a cidade e o capital, os carros, as sopas em lata. E o século anterior por cima, as máquinas a luz elétrica o telefone e depois as carroças as igrejas os muros os moinhos os burros de cara e mais rápido tão rápido que eu já nem podia discernir a cruz caiu o homem que virou macaco caiu o próprio fogo na direção de um sem fim, a bomba explodiu novamente e ninguém se importou porque tudo já era sombra ouvi o leve tilintar metálico sobre os escombros e então fiat silentium. Era o fim de todas as coisas. Os homens ao meu redor, um pouco maravilhados um pouco estarrecidos, logo retomaram o prumo e diziam: vejam como o passado é frágil! Lhe bastou um empurrãozinho... apoiemo-nos no futuro, então!
E iam caminhando sobre aqui que um dia havia sido nosso, respirando precariamente o gás carbônico inútil que era o que sobrou, a fuligem nos olhos, o sorriso empapelado.
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