quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Estrelas elétricas

As noites na Grande Cidade são belas como a saia com que rodopias quando toco os atabaques para você dançar. Nas pernas tuas acendem as luzes dos grandes edifícios da cidade que eu amo e para a qual corro sempre que sinto saudade, quando posso, quando nós nos permitimos retornar. Enquanto batuco o surdo e a caixa, vejo teu movimento leve entrecortando as lâmpadas dos predinhos onde moram as velhotas que se despedem de tudo isso e as crianças com as vistas ofuscadas pelas tantas novidades: e acredito que o teu corpo faz parte de mim do mesmo jeito que a cidade me pertence e eu a ela pertenço. Quando você volta sambando na minha direção eu tenho certeza de que não há nada mais perfeito que as estrelas elétricas dos postes nas ruas, que na verdade são as longas pernas tuas abraçadas pela saia negra e dourada da Noite da Grande Paz. E então me agarro a esse momento, implorando aos Deuses para que eu possa ficar aqui para sempre... até que o batuque acaba e eu tenho de ir embora.

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