quarta-feira, 23 de novembro de 2011

LÉO - As amoras vieram... e se foram. As pitangas vieram... e se foram. Mas eu continuo aqui, como sempre caminhando todos os dias sob as mesmas árvores que já estão ansiosas por novas primaveras. Igual aos outros anos, eu. Igual às outras estações. O sabor doce das amoras já sumiu, e o azedo das pitangas continua azedando o pouco que eu podia encontrar de delicioso nos dias. Eu caminho sob as árvores procurando uma última fruta, uma última cor no meio de tanta, tanta monotonia. E nada ou quase nada me aparece: uma caída no chão, esperando a terra a absorver novamente; outra pendendo no galho, mascada por ave ou outro animal mais rápido que eu. E eu, igual a sempre, sem qualquer vida nascendo novamente, aquele velho outono corriqueiro, igual a todos os outros dias, vazio por dentro, por fora, ao redor. Vazio de novo, como eu já esperava que seria.

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