sexta-feira, 17 de julho de 2009

Silêncio

A poesia dentro do papel tem um poder que eu não saberia explicar. No interior de todas as palavras, mesmo as mais simples, moram monstros e, em algumas noites, um ou outro me aterroriza até que eu tenha coragem de acender a luz - para encará-lo, de uma vez por todas -, pegar o caderno e escrever sua palavra que, ali perdida, parece algo trivial, mas eu não suportarei sequer imaginá-la, por dias (às vezes por meses). E eu sei que, independente de em qual momento da minha vida, quando meu olhar cruzar novamente com este papel, e, então, com a palavra ali esculpida, eu sentirei exatamente o mesmo arrepio que senti com aquele suspiro do monstro, ao meu ouvido.

2 comentários:

Graziela C. Drago K. Zeligara disse...

Lindíssimo esse!
AH, como adoro esse monstro!
Meu único amigo imaginário, é ele!
Um beijo com muito carinho!

Honório Félix disse...

E os meus monstros também são assim. Eles não me deixam em paz até que eu os coloque presos em palavras... Se eu não o faço, me sinto torturado... Então eu tenho que fazer o meu dever de prendê-los. Se eu tenho poder pra isso, então eu tenho mais é que fazer! Tenho que mostrar, tenho que escrever. Tenho que acusar. Tenho que aprisionar os monstros feios e os monstros bonitos, os ruins e os bons, os assassinos, os perversos, os leves e os pesados... Tenho que prendê-los independentes do que eles sejam... Tenho que escrever, sim. Senão eu morro de dor...