domingo, 13 de junho de 2010

(...)

Eu, no meio do caos, entre as explosões que vêm e vão, dentro de um filme em que as balas passam e passam raspando, bagunçando meus cabelos, arranhando a pele. Eu girei, rodopiei nesse balé clássico de confusão, destruição, a tua dor e, mais ainda, a minha própria dor por existir entre tanta atrocidade, as minhas lágrimas dançando no ritmo da bomba caindo ao chão.
Eu, no meio do caos, perdida, sem encontrar apoio, sem achar alento ou um vão para me esconder, e tanta morte ao redor, e tanto medo dentro de mim, que os olhos reviravam num balé terrível, a boca se contorcia de terror e eu me deitava para fingir que o tempo passaria para mim como passava para os mortos.
E o tempo passou, as risadas e o afã cessou, os barulhos de bomba e a valsa que eu não pude participar, e eu percebi: Eu sobrevivi! E estou viva (talvez não ilesa, mas viva)! Estar viva é só isso? O corpo pulsando, reflexos,  ar?
Não, estar viva é tudo isso!

2 comentários:

Eduardo Espíndola disse...

quantas vezes por dia a gente morre?

brenda matos disse...

Me lembrou Caio F, quando ele diz "Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo, e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros."

Lindo. :*