quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O cheiro da iminência

O que mais me encanta na vida não é o fato; não é o ato, mas o presságio, a vibração do ato. Me encanta o cheiro da chuva antes da chuva cair, aquele sabor doce no céu da boca, a brisa leve que me acaricia os cabelos, sussurrando ao meu ouvido a promessa dessa renovação iminente. Me encanta o último segundo antes do beijo, o olhar trêmulo que precede a entrega, o toque leve das mãos, o abraço. Me arrepia o último instante antes do adeus, o percurso da lágrima antes de cair pelas bochechas, um último suspiro precedendo a morte - ou o nascimento -, e sou inteira feita de iminências: talvez apenas por achá-las belas ou, quem sabe, por ser covarde e jamais poder terminar a ação.

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