quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Cotidiano

Ao menos se todo esse cimento sorrisse de vez em quando!
Mas não, ele mantém-se em silêncio
não importa o que lhe ocorra
Como se fosse indiferente às passadas
desses transeuntes que o pisam para dentro do passado.
Como se os transeuntes fossem indiferentes a si mesmos
e, ensimesmados, esquecessem que suas histórias sempre pertencem a mais alguém
Como se as histórias fossem indiferentes aos donos:
elas só pensam em pagar as contas no fim do mês!
Como se o mês fosse indiferente ao próprio tempo
que não sabe até quando poderá passar sozinho
Como se o homem sozinho não soubesse ser indiferente
ao próprio silêncio, à própria dor
ao fato de ser mais um transeunte desgastando o cimento que,
assim como ele,
apenas aguenta o peso.

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