quarta-feira, 6 de maio de 2009

Quisera eu ser assim
com uma máscara que esconde
tudo o que não for alegre,
tudo o que não for só riso.
Me bastava ser bailarina
com dois passos já no céu.
Me bastava ser a mulher barbada
que nunca quer tirar o véu.
Me bastava pular do teto
e encontrar no ar tudo como apoio.
Me bastava sofrer o desatino
ou correr no picadeiro
ou lutar contra uma fera.
Me alegrava ser Branca
impostora de um mandato de prefeitura
de presidência do palco
pensando estar acima dos outros que dançam,
e cantam
e jogam
Mas, de fino, se pudesse escolher
eu queria ser Augusta
e pegar meu coração,
repartir em trezentos pedaços
e entregar nas mãos de todos
todos, todos, todos,
qualquer um que quisesse cuidar.

2 comentários:

Gabi disse...

Poxa, Jú, obrigada! Eu sempre adorei as coisas que você escreve (até agora só tinha lido no seu perfil). Muito bonito seu blog, também dei uma olhada em alguns posts. A poeta aqui é você, isso sim!

Parabéns pelo talento :)

Graziela C. Drago K. Zeligara disse...

MEU.
Vou me aposentar.
HAHAHA
segundo "um dos seus melhores".
Realmente gostei desse também .
Who is Augusta? ;x
A-do-re-i.
Beijo!