quarta-feira, 23 de abril de 2014

às vezes esse treco engasga tanto a goela e o peito que saio esfaqueando o travesseiro e revirando todos os baús atrás de algo que me aplaque: um sabor antigo de café ou uma gravação em que se ouça a tua voz, a tua voz calmante ou um cheiro que é teu mas não sobrou nenhuma peça de roupa e eu tento, tento, passo o dia tentando e procurando aquela carta que você me mandou em vários pequenos bilhetes que o tempo passando tirou de ordem, sabe? e nessa aflição de te recuperar de qualquer maneira eu choro e é o exato momento em que sinto na boca o gosto do teu último beijo, aquele em que eu não queria, mas entrei em casa e você também não queria, mas deu partida e foi embora para provavelmente nunca mais voltar.

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