sábado, 29 de agosto de 2009
Gente
Parada no semáforo, apenas espiei pela janela do ônibus: Por que esses carros correm tanto, aos montes, procurando um lugar para se esconder? Quem disse que todos deveriam sair de casa? Só porque é sexta feira? O que pensam todas essas pessoas? Aonde alojam-se os pensamentos, quando estão ociosos? Será que existe alguém que, nesse instante, olha pela janela de um ônibus lotado, assim como eu, e, assim como eu, se pergunta as mesmas coisas? Evito o olhar das pessoas aqui: e se dois olhares se cruzassem? Como lidar com esse segundo? Ficará eternamente guardado numa pasta, ou me esquecerei no segundo seguinte? Aonde vão essas pessoas se aguentando no mesmo ônibus que eu? Quais serão suas preocupações? De onde vieram? O sinal abre: o ônibus volta a chacoalhar e eu, eu continuo divagando.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
(...) eu não consigo te decifrar: talvez, entre suspiros, consiga entender do que se trata, mas agora que estou apenas rodeada por palavras, por tuas palavras, não chego a nenhuma conclusão do que você quer me dizer. Se fosse possível, eu gritaria tão alto que você ouviria da sua casa, e dentro desse grito você compreenderia tudo que eu tenho a falar: a você, ao mundo, ao meu próprio amor. Se eu pudesse, eu estancaria todas as palavras agora. As palavras estão me confundindo. A sua linguagem me está confundindo. Talvez eu tenha feito o mesmo com você, talvez eu nunca saiba. Se eu conseguisse, correria até você agora, nesse instante, te abraçaria como sonho fazer todos os dias, te abraçaria e encostaria minha cabeça no teu peito, de modo a ouvir teu coração batendo. Você poderia, então, ouvir meus pensamentos e nós ficaríamos em silêncio, nos entendendo(...)
Junhoz: @gabisaur Hoje, no ônibus, ele poderia ter sido o amor da minha vida: na verdade, quem dormiu foi ele.
Gabisaur: @junhoz se ele estivesse acordado, quem sabe o que poderia ter sido?
o indizível leque das possibilidades : o que poderia ter sido?
Muito provavelmente:
- com licença, já tá chegando o meu ponto
- ah, sim, pode passar
- obrigada.
ele no caminho dele, eu no meu.
Mas existirá para sempre a dúvida condicional: 'se... o que poderia ter sido?'
Dalson
"Por um ponto apenas, passam infinitas retas, mas quando são dois pontos, passa uma reta só"
Será isso uma alegoria para a vida?
Diálogos num ônibus
"- Eu gosto das músicas dele, vou ver se posso ir no show na semana que vem...
- É, pra gostar dele tem que estar gostando de alguém.
- É que eu gosto de música romântica, sabe, de mulher chorando por causa de homem,
- de homem chorando por causa de mulher...
- E você já chorou por causa de mulher?
- Ah, homem não chora, mas só na frente dos outros... quando chega em casa...
- Mas é que dói, né... Dói tanto isso..."
(...)
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Ora, mil vezes viver morrendo de amor
a estancar!
Entre as escolhas que posso fazer
opto por embebedar meu travesseiro de lágrimas
e observar nos movimentos, as palavras
prefiro sentir dor, viver alucinações
a me manter no seguro.
Quero me embriagar e viver apenas do amor
viver ébria de paixão lancinante
que tenha espasmos, que seja dolorido,
que termine. Ou jamais comece.
O amor, para mim, vale a pena independente das circunstâncias
o amor será válido a partir do segundo em que nasceu
independente do que fez-se dele.
Eu prefiro que não entendam meu desespero,
que não compreendam os hematomas
que se questionem de meus motivos.
Amar, para mim, será sempre muito maior.
Do que aprendi
veja pelo meu ponto de vista: gostar de uma pessoa sempre significa criar expectativas exageradas. Todos fazemos isso, eu, ou você, qualquer um que você ver na rua sem dúvida já idealizou alguma pessoa. Saiba, a mágoa parte de nós mesmos, quando o outro não corresponde completamente nossas expectativas, e o outro nunca corresponde completamente. Sabemos que não somos como o outro imaginou, mas não há o que se possa fazer. A beleza nisso tudo está na enorme quantidade de escolhas que podem ser feitas, nós podemos escolher: podemos nos manter omissos, e nisso haverá alguma segurança; podemos, ambos, desistir disso que se considerava, e também haverá segurança; podemos fingir que nada se passa, até que passe; podemos, afinal, assumir tudo e correr alguns riscos... nós podemos tentar, quem é que vai saber se daria certo ou não sem a tentativa?
Diversidade
dentro do caderno escolar
confundem-se coisas exatas.
O que se espera que eu aprenda
ou o que eu poderia ter absorvido.
Mas o mais bonito
é que entre os exercícios de matemática
eu insisto em escrever, com canetas de cores menos sintéticas,
poesias nas quais realmente me encanto:
com elas, eu aprendo.
domingo, 23 de agosto de 2009
Num meio de caminho
Ela quis encontrar um jeito de escapar
de sua tristeza
Ora, não tinha sido ela quem disse que a tristeza é bela?
Talvez tivesse se sentindo assim por tanto tempo...
Talvez não quisesse assumir que doía
por saber que doeria sozinha, assumindo ou não.
Ela quis manter o olhar
e dizer 'veja! Eu olho por você'
que seja lá o que fosse, seria amor
Ela quis atravessar o espaço do abraço
e que todos soubessem o quanto ela sentia.
Ela quis ser mulher para ele
e ela quis encontrar amor
nele
Ela quis o mundo, ela quis a vida,
ela quis ter tudo
Tudo que nunca teve, nunca pôde ser
E no meio do caminho teve o medo
que no meio do caminho a atravessou
e no meio de uma estrada acabou
por, no meio do caminho, a estancar.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
às vezes, acordo pensando que o dia lá fora acompanha o meu coração: se me sinto bem, se me sinto feliz, o sol descobre-se e tudo brilha, dentro e fora de mim. Mas nos dias em que sinto o coração choroso, os olhos inchados das lágrimas, parece-me que essas lágrimas se hiperbolizam e a tempestade lá fora é inevitável!
Logo após pensar isso, digo a mim mesma: 'Ora, sua prepotente! Você é tão pequena e não há como o mundo te acompanhar. Ponha-se no seu lugar: afinal, você sente-se apenas um espelho do que acontece lá de cima do céu.'
E, se for isso, tenho esperado por muitos outros dias de sol.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
O terreno ao lado, depois de tanta espera, em breve deixará de ser terreno: fecharam a frente com tapume eos 'home' já vieram trabalhar. Quando eu nasci, esse terreno já era terreno, e nós, em nossa infância, o transformamos em palco de aventuras. Não precisamos de blocos nem cimentos, apenas nossos pés em cima da grama.
O terreno, contudo, também era mistério: os pais - crianças fantasiadas de gente grande -, a fim de nos pegar peças, contavam das cobras, escorpiões e outros pequenos monstors que ali viviam. Então, não dormíamos à noite, mal podendo esperar pelo dia seguinte, em que entraríamos na selva tropical para enfrentar as bestas nativas.
Hoje, vejo todos aqueles dias se destruindo, e durante a terraplanagem ainda pude ouvir as nossas risadas, agora presas na terra pisada.
Espero, então, que com todos esse tijolos construa-se uma linda casa, e que nela morem crianças que, de algum modo, percebam estar morando sobre destroços de algo que, um dia, foi mágico.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Reclamação formal por escrito
Prezado Senhor dono do meu amor,
Atenciosamente.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Óbvio Utópico
Perdida no teu abraço,
com o rosto enterrado no teu peito
(derramarei algumas lágrimas, é verdade)
Você não poderá ver, pois estarei escondida em ti
mas também estarei sorrindo, telvez aliviada,
talvez emocionada,
completamente apaixonada.
Vou te apertar mais forte,
até você sentir meu coração batendo mais rápido.
Vou te segurar aqui, dentro de mim
e assim ficaremos até amanhecer.
Óbvio Utópico IV
Minhas mãos
sentiram tanto frio nesse inverno!
Elas também precisam de um ninho:
Elas também precisam de um ninho:
seus dedos...
Óbvio Utópico IX
Nossos cabelos se misturando
tanto quanto nossos pensamentos
tanto quanto nossos dedos
tanto quando nossos olhos
quem sabe,
tanto quanto nossas almas...
Daniel
"Ela me destruiu, você me entende? As palavras dela foram me picotando, e agora parece que eu sou uma camiseta que ela ficou perfurando com uma agulha muito grossa, e eu estou inteiro esburacado. Cara, eu amo ela, mas eu estou rasgado no meio... Eu queria ficar com ela para sempre, mas aquelas palavras no parque acabaram comigo, acabaram..."
Então, talvez ela sentisse medo do imprevisível: e se ele, no fim das contas, mudou de idéia? Ela sabe que por ela, nada mudou, ela parou naquele dia em que concluiu que amava novamente, e continua sentindo isso. Será que os ares destruíram tudo? Será que o tempo distorceu o mundo?
Quem sabe, agora, olhando nos seus olhos, ela apenas se sentisse completamente envergonhada, de tantas coisas que já tinha dito, de tudo que já se sabia... E se ele se sentiu do mesmo jeito? E se as circunstâncias não ajudaram? E se foi só isso?
Pai,
às vezes, nós não sabemos muito bem o que esperam de nós, mas você tende a ser sempre compreensivo, o que é uma das suas qualidades que mais admiro. Às vezes somos repreendidos por fazermos tudo errado, mas eu sei que, se errar, você provavelmene vai se dispôr a me ensinar direito. Às vezes nós não conseguimos estar prontos na hora certa, tirar as melhores notas da sala, lavar a louça, às vezes somos tão egoístas que não conseguimos ver o que se passa. Pai, você não me cobra nada. Pai, você só gostaria do meu amor. Pai, você estaria contente se eu me dispusesse a ir contigo no supermercado. Pai, eu não te dou nada disso. Eu não sei conversar com você, e sinto terror do silêncio que se instaura no carro, mesmo após uma semana que não nos vemos. Pai, eu tenho medo, eu não sei lidar com você, mesmo você sendo tão simples. Pai, eu não sei nada da sua vida, não entendo suas preocupações, nem suas motivações. Eu gostaria que você entendesse que não é falta de amor: eu te amo, mas não sei agir. Eu não sei fazer com que mude. Não sei se os problemas são apenas meus, ou se talvez o seu silêncio e a sua seriedade quando estamos juntos me assustem. Pai, hoje, o que eu mais queria na vida era que você se sentisse amado, mas eu falhei. Por favor, me desculpe por não saber te dar a única coisa que você me pede.
Perguntas: insônia
Onde estará
o mundo?
Onde estarei eu
dentro disso tudo?
O que será que represento?
Será que significo algo
dentro do mundo
de alguém?
Música
Percebi, de repente, que eu só ouço músicas para momentos tristes. Talvez porque eu achasse que, ao estar alegre, o silêncio me bastasse. E agora, que eu apenas quero dançar e continuar me sentindo feliz, e tudo o que há em volta é triste?
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Posso lhe contar um segredo?
Por você, ela iria a qualquer lugar, e ela está disposta a fazer todas as coisas para te ver feliz. Ela poderia atropelar seu medo, tantas vezes quanto necessário, para estar apenas com você.
Essa garota gosta muito de você, mais até do que poderia dizer.
Talvez você não saiba, não consiga imaginar o quanto ela pensa, o quanto ela gostaria de te ter por perto.
Essa menina só te quer bem e não sabe lidar com a própria confusão...
Ela está só aprendendo.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
domingo, 2 de agosto de 2009
- Mas, filha, por que você ouve tantas vezes a mesma música? Para decorar a letra?
- Não, mãe...
- Então, por quê?
Ela não entenderia. Escuto a mesma música tantas vezes à espera de que, talvez, eu entre na melodia e passe a fazer parte da canção. Ah, mãe, existem tantas coisas em mim que você não poderia entender...
sábado, 1 de agosto de 2009
Mulher
"ela tinha essa coisa genial de não suportar a vida"
Existem pessoas com poderes. Jamais se poderá saber quem é que decide quem terá qual dom, ou outro, e me encantam essas mulheres que têm algum mundo dentro de suas mãos, e o entregam a nós de tal maneira a nos envolver. Não sei nada da vida delas, de suas decepções, de sua dor, mas me perco dentro das palavras, da voz, me perco imaginando tais mulheres em vida, a imposição de sua genialidade num mundo tão pouco preparado... Mas, enfim, será que o mundo um dia estará preparado para tanta força?
E, por outro lado, por trás de tanto poder, existe a tal não-suportação do próprio mundo, da própria realidade, essa constante insatisfação com tudo. É um tal de alma que não cabe no corpo: só aumenta minha fascinação.
(Elis Regina, Clarice Lispector, Edith Piaf, mulheres geniais e incompletas a quem endereço minhas palavras)
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