segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O espelho

Resolvi aderir à causa anti-espelho. Os evito todos, todos que cruzam meu caminho: viro o rosto, viro o corpo, para jamais olhar naqueles olhares de vidro, aquele sorriso de vidro, tal corpo de vidro.
Meu problema é que espelhos me distorcem. Não a imagem, mas meu caráter. Vejo no espelho polido apenas uma imagem que não me agrada junto de um caráter distorcido, torto, uma coisa que não é minha. Não sou eu lá. Lá é apenas algo que não me pertence refletido, sem matéria, apenas imaginação.
Hoje talvez você me veja com olheiras profundas, ou a maquiagem borrada, e quem sabe depois do almoço com um pedaço de alface entre os dentes, mas lembre-se que eu não conheço aquela pessoa me imitando do outro lado de um pedaço de vidro. Eu nem gosto dela, porque ela tem olhos de vidro, um sorriso de vdro, tal corpo de vidro.

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