é um parto que este exerce
Das juntas dos dedos, abre-se uma fenda abissal
E escorrem sílabas, frases, metáforas
Ele olha emocionado
e vê que acaba de criar um ser vivo
Vivo, respirante, ofegante!
O poema é como um filho que se entrega ao mundo
Que se cria, a quem se dá carinho
Não há poema sem amor...
O poeta chora,
pois ali está um pedaço dele, um filho,
a sua genética, as suas palavras.
Por mais que não descreva o poeta,
o poema é sempre o poeta.
Por isso o rascar da borracha contra o papel é sempre uma ferida
Que nem sempre cicatriza
E as bolinhas de papel jogadas no cesto de lixo
são abortos tristes, do que o poema viria a ser...