sábado, 20 de fevereiro de 2010

De cima de palco, o olhar iluminado pelos refletores e a alma, como uma fratura exposta, escorrendo de dentro para o mundo. A garota vivia o seu momento iluminado pela expectativa da plateia quando seus olhos, por acaso, se cruzaram com os do rapaz que a assistia, silenciosamente. Talvez fosse fascínio o que ele sentia, talvez estivesse envergonhado por estar vendo tanto da essência daquela garota desconhecida que se entregava tanto, talvez o rapaz estivesse apenas com a cabeça nas nuvens, em outro lugar, mas ela sentiu uma faísca naqueles olhos castanhos e percebeu que seus olhos, por um segundo, brilharam ainda mais. De repente, sentia medo daqueles olhos lindos e foi escondendo sua alma, aos poucos, até perder toda a sua espontaneidade, até esquecer as falas e perder as entradas na cena... Até perder por completo os olhares do rapaz.
Hoje ela atua como muletas, apenas apoiando os brilhos dos outros, mas sempre procura pelo rapaz e seus olhos castanhos, que nunca voltaram...

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