segunda-feira, 12 de maio de 2014

Parte I

Ando procurando um canto n'onde me esconder. Ando com essa vontade d'um refúgio... ando com essa suspeita de partida... ando com esse insossego de estrada. "Se alguém numa curva me convidar eu vou lá", sacomé? Pois é, meu bem. Meu bem, me desculpe, às vezes sou mais bicho que gente. Às vezes sou mais bicho que gente. Amorzinho, te mostrei os dentes - que rudeza - mas foi porque essa desconfiança que tenho de homem. Homem tem esse hábito de de repente machucar a gente. Mulher também, e até eu também, mas muito homem já me arranhou aqui e aqui e aqui. Por isso arreganho's dentes e rosno. Uma desconfiança, alguma mágoa já ancestral sabe benzinho? Por isso ando mais pra estrada que pra homem, se for pensar em como me salvar da solidão. Bem mais estrada que pra homem. Mais pra estrada que pra você, meu bem. Meu bem - que piada: meu bem?! - você não me sacou, eu sou mais loba do que pareço. Sou corsa, sim, acuada, sim, mas sou loba também. Você não entendeu nada - nem eu, quando deu a hora e você nem tchum. Nós não entendemos nada, não chega a ser engraçado?

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