domingo, 8 de setembro de 2013

Querido,

essa semana eu dancei para você. Eu dancei para você no Theatro Municipal. Iluminado; só para você.
Quando começou, eu não soube como ia ser: uma coreografia improvisada... fiquei torcendo para você gostar dessas coisas. E de me ver nesse lugar, preste a me jogar no abismo. Você gosta?
Tudo o que eu queria era te mostrar o ar se movendo pintado com as cores do meu corpo. Te mostrar que a história podia ser outra... muitas outras! Compassos, piruetas, fluxo, e você sentado na primeira fileira do Theatro Municipal. Eu tenho tantas coisas pra te falar. Meu corpo não deu conta de todas elas. Eu dancei e chorei para você ver. Você viu? Você viu a minha raiva e a minha culpa? Viu quando eu supliquei por perdão? Já não sabia se estava dançando ou orando... e precisei dançar aquele último dia: foi a hora que você devia ter vindo, subido ao palco para me dar o último beijo e me mandar ir como quem suplica: fique.
Mas não veio.
Quando a música acabou e eu abri os olhos afogados das saudades, não tinha você na plateia; e nem tinha plateia; e nem tinha Theatro Municipal; nem nada. Só um corpo deitado no chão, repleto de silêncio.

Nenhum comentário: