domingo, 25 de agosto de 2013

Querido,

esta não é uma carta de amor. Me leia melhor.
Tenho sentido dor de cabeça o tempo todo. Já é um ritual de todo dia: um tylenol para dormir e outro ao acordar.
Tento guardar um segredo por dia: para exercitar o mistério. Quase nunca consigo, na maioria das vezes porque ninguém pergunta.
Voltei a escutar Chico, por mais que você ache melacueca e que eu saiba que eu só comecei a escutar por sua causa. Tudo mudou, hein?
Estou tentando escrever porque um anjo da guarda atravessou o continente para me dizer o seguinte: "Me disseram que você ama escrever, mas não escreve." ele me disse: "Escreva! Escreva! Sobre qualquer coisa!" Quase sempre tudo o que sai é sobre você;
Me sinto mais triste que feliz, e às vezes duvido também dessa felicidade, mas nunca penso em suicídio. Agora que escrevi essa palavra, é claro que pensei.
Me sinto ingênua demais, e queria ser uma amazona correndo na selva. Caçando uma onça.
Queria saber de você, de um jeito honesto. Mas queria também que você quisesse saber de mim e que não tivesse raiva de quem eu me tornei. Isso seria saudável.
Resolvi outro dia jogar coisas fora e na minha carteira estavam aquelas fotos vermelhas minhas e suas. Ficamos muito feios nelas, mas você tinha me dado uma rosa e eu estava feliz.
Não joguei fora a foto. Nem as palavras que você me escreveu. Porque aquelas eram palavras boas. De quem ama e quer o outro bem. Não recebi mais nenhuma rosa desde então... não me arrependo.
Por favor, não jogue esta carta fora.

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