sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Aquele beijo que ela me deu em silêncio foi um presente de despedida, um amuleto para eu carregar na minha Grande Viagem - e eu carreguei. Não sei, cara, não sei o que aconteceu! Foi muito rápido, como se ela tivesse se dado conta: é agora ou nunca! E quando eu fui ver estava entre os dedos dela, o meu cabelo na mão da moça, a minha mão instintiva na cintura dela. Um amuleto, como quem diz "vai, mas volta". Um primeiro beijo que nascia já sendo o último. Foi um daqueles momentos, sabe?, de encontro. Eu quase vendi a passagem no Mercado Livre. A Grande Viagem. Tarde demais, saca? Tarde demais, cara. E aquela menina, meio imatura, meio criança, mas ela me dava vontade de cantar! Ela me dava vontade de aprender música, que era pra ela dançar na minha mão. Mas não aconteceu nada disso. Ela me olhou - uma canção agora! - no fundo dos olhos - o que é um acorde? - e me disse - pianissimo - Boa viagem. Eu não vou mudar de endereço.

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