quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quando o caos é tamanho, sabe? Quando existem milhares de pessoas ao teu redor, todas porque sim, todas porque estamos juntos nisso seja lá o que isso for, sabe? Quando para não enlouquecer com o som dos apitos você tem de apitar ainda mais alto?! E então eu apitei. E gritei nossos hinos de fúria. Fúria porque sim, porque estamos juntos nisso seja lá o que isso for e o que isso é; é fúria: e raiva e indiscrição e a eliminação total do desejo de ficar 'assim tudo bem, mais ou menos mas a gente vai levando uma dor aqui um pesar ali'... Fúria porque perdemos a disposição para aceitar: Que você me subjugue. Que você me desrespeite. Que você me esqueça numa viela escura tentando me recompor da sua violência. Do seu descaso assassino. E estávamos ali, gritando que ser mulher é muito mais do que a tua força física sobre o meu corpo: e então eu era mulher. Em toda a minha intensidade. Afirmando ao mundo: sou mulher e isso é merecer. O teu respeito. O teu e o de qualquer um. Cantando num mar de outras mulheres mulheres como eu, ansiando o final feliz, o espaço, o tal do direito ao grito. Então nós gritamos.

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