sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Festa

De repente, me dei conta: você estava comigo. Apesar dos ventos contraditórios, das dunas e pirâmides que se haviam construído entre nós, apesar dos desastres naturais que insistiam em nos separar, nós dois conseguimos: estávamos ali, no meio daquela sala dentro de um mar de seres humanos completamente alheios à nossa identidade, olhando um par'alma d'outro. Eu jamais poderia olhar ao redor. Porque era você na minha frente. Éramos só nós dois, completamente alheios à presença de um mar de outros seres humanos. Havíamos conseguido. Havíamos conseguido... quebrar a parede que nós mesmos construímos entre nós, sem que qualquer a houvesse desejado. Por isso era um momento mágico. Porque as dunas, as pirâmides, os ventos, os desastres, a parede, o gelo, a barreira, o abismo - todas as metáforas que eu poderia citar para explicar a distância enorme que existia no metro que nos separava - havia cessado. Assim, de repente mais nada fazia sentido: os últimos meses silentes, o choro escondido do resto do mundo, as cartas jamais endereçadas - e também as endereçadas -, tudo: finito. Só sobrou eu, você e a distância de um abraço.

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