quinta-feira, 9 de junho de 2011

As Cartas

(deve ser lido em tom de sussurro)

As cartas que eu ainda não escrevi estão todas descritas no meu corpo. As minhas cartas se escrevem conforme  passeio pelas ruas, conforme eu silenciosamente percorro comprimentos, cumpro ordens, compro papel e tinta; as minhas cartas estão escritas na minha pele: cada curva é uma vírgula que ainda não virou pausa. Cada movimento é uma palavra: dissuado; persuado; me esquivo, rodeio, estico, rodopio. Minhas cartas são escritas conforme te observo os olhos, conforme sinto medo, confiança, saudade... As cartas de adeus se escrevem quando teus olhos não mais, e então são todas feitas de água, a água do corpo do meu corpo sem o corpo teu.

Um comentário:

Graziela C. Drago K. Zeligara disse...

isso não é meio ... budapeste? é budapeste né?
me lembrou muito ^^