terça-feira, 12 de abril de 2011

Querido,

você me escreveu bilhetes carinhosos e delineou coraçõezinhos coloridos nas pautas do meu caderno. Você me descreveu uma amizade que beirava a fraternidade, como se eu fosse para ti tão preciosa que você se disporia a abrir mão de si para cuidar de mim. Você desenhou palavras belas, com cores e sons específicos, sempre brilhantes, como quem promete luz quando meus dias fossem tristes. Palavras, palavras, palavras... desenhos, desenhos, desenhos! Você me fez crer que poderia ser meu irmão, meu porto seguro, um cais para's minhas lágrimas... mas era tudo aquarela: na chegada da primeira chuva, a primeira gota d'água já pôde derreter cada palavra enganosa, cada coraçãozinho dissimulado, cada cor falsa. E você também fugiu, acho que com preguiça de assumir a responsabilidade que havia assumido - com tinta solúvel demais.


(Mas para mim não é assim que são irmãos.)

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