terça-feira, 20 de abril de 2010

Passeando por uma dessas ruas que nunca sabemos o nome
eu vi uma mulher triste.
No primeiro momento, me maravilhei
pensando que ela brilhava!
mas entendi: eram lágrimas escorrendo.
Meus olhos se encontraram nos dela
e ela também me olhava...
Eu não pude me privar de sustentar o encontro
porque uma desconhecida que chora é um choro que não se acalma:
se contempla.

E havia uma mulher triste me olhando com curiosidade,
a mesma curiosidade e a mesma afeição anônima
de uma mulher que vê outra chorando
como quem atravessa o concreto de lágrimas puras e atinge uma alma.

Tentei falar: você quer conversar?
E sua boca me respondeu, mas não pude ouvir palavra alguma.
Você quer ser minha amiga? Quer se dividir comigo?
Os lábios molhados se moviam
e um silêncio que eu não podia atingir.

Desisti, então
e virei meu rosto, a fim de fugir do magnetismo
e vi seu rosto se virando junto, para o lado oposto.
Olhei de novo e os olhos brilhantes me espiavam, apavorados...
Foi então que eu percebi:

estou parada em frente ao meu reflexo no espelho.
A mulher triste sou eu.

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