quinta-feira, 18 de março de 2010


Esticou os olhos por curiosidade, apenas para senti-los arderem de ciúme, com uma dor tão profunda que não poderia pronunciar. Foi como uma morte.
Foi então que eu entendi. O lobo é o homem do lobo. O gato morto, caído do telhado. Eu sou a minha loba de garras frias que se morde e se coça e coça a própria sarna e rasga a própria dor, por dentro, para sofrer mas para se perdoar pelos crimes atrozes que cometeu contra si mesma. As minhas unhas apertando a jugular e eu querendo ser a leoa impassível que me mostraria os dentes e me acossaria num segundo, mas eu posso ser apenas a gata de uma vida só que quis saber como era ser pomba e do telhado escorreu pelo pavimento, sem saber que a gata tem mais de leoa livre que a pomba e que a loba se estrangula porque não é mais a mordida ou a sarna que lhe estão coçando, mas algum outro lugar que de cima do telhado não alcançaria. Foi como uma morte.

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