quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ovo de codorna

Pois é, meu querido ovinho... O seu caminho até aqui foi muito, muito fácil! Do frágil corpo de sua mamãe codorna, para as bandejinhas confortáveis, e das bandejinhas para o fogão...
Tudo muito fácil! Agora está aqui, quieto e calmo na minha frente, e só o que tenho que fazer é descascar-te calmamente... Vou te limpando dessa camada de segurança que o envolve...
Não tenha medo! Mas já vou te contando o seu futuro: Vai ser mastigado por uma pessoa que nem te conhece (não tanto quanto eu), nem se interessa por quem você é.
Será engolido, deglutido. Então vem a pior parte: o estômago. Ah, sim, o estômago... Imagine um monstro, um grande monstro cheio de líquidos corrosivos, cheio de movimentos bruscos, cheio de destruições. Não tente resistir... Vai ser destruído completamente. Já não saberá mais se é você mesmo ou se agora já se misturou com a alface, o arroz, o feijão e todas as outras vítimas (fatais) de tal ser.
O resto do seu futuro... Não, meu querido, pra você não há futuro, a partir daí você realmente já não é mais nada.
Não quero te amedrontar. Mas espero que esteja preparado.

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