sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Pronto:

é exatamente aqui. Que termina a água e principia a terra. Precipício doce de realidade. É exatamente aqui, precisamente agora. Estou prestes a dar este passo vazio adentro. Nada é igual, tudo está: promessas, uma dívida nunca paga, a dúvida tua entre ir ou não. Tudo está neste encontro entre esta água e esta terra. Nos meus pés a lama pressaga: que se derreta o agora, que se dissolva a mágoa antiga, que se esparrame o corpo n'outro corpo além. Eis-nos: você, eu, a praia doce onde nos conhecemos, a lua de sangue; estão todas as peças em seus lugares. Mas o passo é meu, me desculpe. Tempestade de vento, adeus. O acorde silente, adeus. A palavra non grata, adeus. Tudo seguirá como era antes. Adeus. Do lado de dentro, revolução armada. Me retiro da guerra, serei teu olhar vazio, o front partido, a estrela de longe, ninguém vai perceber. Aquela música que tocou: acabada e enterrada, tua voz minha voz. Silêncios... é aqui que acaba a água e principia a terra.

2 comentários:

Luís Monteiro disse...

Isso foi muito bonito de se ler, apesar de não ter nada de belo. É como aquele tipo de beleza que você encontra nas historias tristes, faz isso porque se encontra, entre as palavras.

Eu também já escrevi sobre precipícios, e as vezes realmente parece que está no próximo passo que a gente der, que tudo acaba numa queda sem fim, no vazio de nós mesmo. É uma queda pra dentro, onde a gente nunca sabe quão fundo e vazio estamos.

Boa noite moça, bjos.

Luís Monteiro disse...

Ei, deixa eu fazer um template para o seu blogger. Serio, só me dizer como deseja um.

Boa noite,