segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Nina,

sabe?
Eu também tenho vontade de gritar! Gritare gritare gritare!
Acontece que o grito não sai. Por isso não podem tocar o plexo solar: ele guincha de angústia. E assim é o meu corpo: uma dor incoberta, secreta, implodida. Eu sou o grito implodido da noite. Eu sou a própria noite - e por isso quando faço barulho todos se assustam. Eu sou a noite calada - e as minhas estrelinhas queimam em silêncio, onde nenhum pode ouvir - podem apenas ver a luz e creem ser indolor. Acontece, menina, que eu não sou indolor! Tenho o plexo em chamas, como as estrelas da noite. Minha alma arde e eu sinto raiva, impotência, medo... mas você não sabe, porque eu não te contei. Pois bem, agora digo. Eu também tenho cortes incuráveis.

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