domingo, 19 de agosto de 2012

Querido,

eu tô tentando, você sabia? Eu estou tentando ser... ser o quê?
Estou tentando ser gente, primeiro de tudo. E ser uma mulher, além de ser gente. Ser uma mulher que não seja uma mera mulher que só é mulher porque tem a estrutura certa pra carregar uma criança dentro da coluna. Tô tentando ser uma mulher capaz de: conversar sobre coisas gerais e explicitar opiniões próprias (capaz de ter opiniões próprias...); ter senso crítico e político; amar muito uma pessoa, a ponto de me rasgar e beber água sanitária em noites de sábado; estar sozinha, plenamente sozinha, sem me esquecer de que ainda assim sou social; viver experiências por elas mesmas, e não para outrem; ter uma inocência mortífera; fazer coisas boas a mim e aos meus; entre outras coisas.
Mas acontece, meu querido, que tudo isso tem sido em vão e eu ainda não consigo sequer olhar nos olhos do outro. Estou distanciada. Não consigo cuidar de você. Não consigo tirar a mente dos meus medos. Estou paralisada. Não consigo estender a mão generosamente. Não consigo pensar em nada que eu precise falar para o mundo. Dos 32 únicos temas universais, não sei dizer uma palavra de quaisquer. E daí que eu comecei a questionar assim para onde é que eu posso ir? Por onde começar a cada vez de novo e de novo? E onde é que estou agora (só sei assim: estou longe.)? E o que é que você espera de mim, eu me perguntava. 

E não tenho nenhuma resposta.

4 comentários:

Luiza Vinhosa disse...

São muitas exigências.
As pessoas esperam que sejamos tudo e isso faz com que sejamos exigentes com nós mesmos.
É difícil, mas o jeito é tentarmos ser felizes com aquilo que podemos ser e oferecer, entendendo que o outro também pode não ser capaz de oferecer tudo aquilo que desejamos ou esperamos...

Gustavo Faria disse...

O longo mistério da expectativa alheia.

Luís Monteiro disse...

É como se pra viver fosse preciso seguir algumas regras. Como se pra ter uma vida social verdadeira, você deve seguir o que foi posto pela sociedade...

Viva pra você mesma, um dia você achará alguém que goste dessa sua maneira. Porque não devemos fazer as coisas pra agradar os outros e esquecer que aqui dentro também existe uma vida, com suas varias vontades...

E eu sou daqueles que também mandaria um foda-se pra essa sociedade onde todos fingem felicidade 24h por dia e no final de tudo, todos morrem infelizes. Sou daqueles que não tá nem ai pra esses deveres e valores, onde quem tem tudo não fala com quem não tem nada...

No fundo, isso não conta em nada. A felicidade não é como uma receita de bolo, que em um certo ponto o bolo estará bom pra ser servido. Nem sempre acertamos o ponto, e errar o ponto é completamente normal quando o assunto é viver e pelo menos tentar ser você mesmo.

Bjws moça, lindo aqui, permaneço; • Sem Guarda-Chuvas •

Boneca Laurinha disse...

Cara amiga, sou uma boneca de pano e tenho luzinhas presas no cabelo; minha dona, essa vagabunda, tem um coração com buraquinhos. E sangra por eles. A chuva é o pranto da vida, que chora porque é puta.