segunda-feira, 12 de março de 2012

Eu, Ariana, filha dos meus pecados e mãe das minhas dores. Me apresento assim a ti, crua como os deuses escolheram; mortífera como nunca antes; autodestrutiva de unhas - ou garras - afiadas; mortal, inegavelmente mortal. Me mostro assim como se falasse a língua dos bárbaros e me lavasse na lava fúnebre dos vulcões. Eu não quereria me conhecer, não fosse o fato de que me sou. Não pedirei que não tenhas medo de mim, pois sei que meus dentes arreganhados assustam. Mas também sei amar, voluptuosa e candidamente. Peço apenas, então, que tenhas coragem de vir. De colar o teu corpo no meu corpo triste e inconsolável e me prometer que eu não sou assim, que tu já descobriu o meu Grande Segredo, que tu já descobriu que eu também sangro... Que tenhas a coragem de cuidar de mim mesmo se a Lua virar e eu quiser morder e chorar ou descer pro mar, a brincar de Ismália... Imploro que tenhas a coragem de vir me ver.

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