quarta-feira, 25 de março de 2015

Travessias do de dentro

Alguém certa vez disse: é o tempo da travessia. Eis o tempo da travessia
desencalhar o velho navio Titanic de memória, trazer à tona, ligar os motores, atravessar o mar que guarda todas as recordações ancestrais. Sempre haverá um luto velado pelo que não foi. É preciso atravessar o luto, esse ranger de dentes, esse desgaste das articulações. É o tempo de. Travestir, também, do contrário do que é.
Eis, não temam, não sofram, não parem agora em alto-mar. Atravessar-se-me. Somos só passado, porque assim que o dia virar não seremos mais, de novo. Dentro de palavras escancaradas, dentro deste barco, aqui dentro. Existe alguma proteção, não temam.

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