Quando, deitada sozinha no silêncio da noite, sinto medo do escuro, seguro muito forte suas mãos nas minhas e nos ponho a rodar. Uma ciranda imaginária, a dois: primeiro preciso arrancar uma folha verde d'algum canto da minha memória - um palco gramado onde rodopiemos. Você então me olha, confidente, e pela primeira vez não sente medo de se entregar - não dispõe de meneios ou circunlóquios. As folhas farfalhando e o vento bagunçando seus cabelos são motivos para que o teu mais amplo sorriso se faça! E eu sorrio junto, porque sei que não há mais nada no mundo de que eu precise além disso. Também não sinto medo de te olhar no fundo dos olhos, e de uma vez por todas me permito ser sugada para dentro da tua alma quase sempre tão esquiva... A cor dos seus olhos se mistura com o borrão desenhado no cenário ao nosso redor, nos tornando todos numa coisa única. E neste momento em que te assisto feliz, disperso de teus preconceitos, é como se ouvisse realmente a tua voz aqui, comigo, me contando uma história bonita para me esperar pegar no sono...
E, em paz, eu durmo.
terça-feira, 29 de março de 2011
quinta-feira, 24 de março de 2011
Querido(a),
quando te escrevo cartas dizendo nada com essas letras tortas, desprendidas da estética ou do bom gosto, é porque preciso de um sinal teu: uma resposta, ainda que em branco, um pedaço do teu mau humor, uma respiração profunda, uma única palavra jogada entre tanto silêncio... é porque não tenho como te olhar nos olhos e captar seus trejeitos, é porque tua ausência faz um vácuo no meu peito...! Então jogo a linha de pesca e tento fisgar um segundo da tua alma, apenas para fingir que te tenho mais um pouco ao meu lado...
quando te escrevo cartas dizendo nada com essas letras tortas, desprendidas da estética ou do bom gosto, é porque preciso de um sinal teu: uma resposta, ainda que em branco, um pedaço do teu mau humor, uma respiração profunda, uma única palavra jogada entre tanto silêncio... é porque não tenho como te olhar nos olhos e captar seus trejeitos, é porque tua ausência faz um vácuo no meu peito...! Então jogo a linha de pesca e tento fisgar um segundo da tua alma, apenas para fingir que te tenho mais um pouco ao meu lado...
segunda-feira, 21 de março de 2011
Então será que são esses os tais fantasmas dos quais as pessoas tanto falam? No escuro, no quase-sono (o momento fugaz em que assistimos a consciência - ou a sanidade? - nos abandonar) do travesseiro com cheiro de ausência, tantos fantasmas desfiando tantos relevos da alma...
Um passado irrecuperável: uma voz que canta, o piano tocando, o silêncio seguro de uma grande amizade. Um presente imensurável, absurdo, revolucionário. Um presente grandioso, espetacular! - mas incompleto... Quem sabe... infeliz... E o futuro... Ah, o futuro! Tantas promessas, a melhora, o costume, o assentamento. O futuro amplo, tão amplo que, a perder de vista, tudo o que se vê é insegurança. Os fantasmas do Chronos bailando sobre minha cabeça, que gira: piano abraço pessoas mais bom balé corpo antes porto tanto dual gente eu lugar experiência medo medo medo medo (...)
(acendo a luzinha na tomada)
Um passado irrecuperável: uma voz que canta, o piano tocando, o silêncio seguro de uma grande amizade. Um presente imensurável, absurdo, revolucionário. Um presente grandioso, espetacular! - mas incompleto... Quem sabe... infeliz... E o futuro... Ah, o futuro! Tantas promessas, a melhora, o costume, o assentamento. O futuro amplo, tão amplo que, a perder de vista, tudo o que se vê é insegurança. Os fantasmas do Chronos bailando sobre minha cabeça, que gira: piano abraço pessoas mais bom balé corpo antes porto tanto dual gente eu lugar experiência medo medo medo medo (...)
(acendo a luzinha na tomada)
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